19 de dez. de 2009

O "Adorno" da Mulher Cristã: proibição ou privilégio?


É certo uma mulher cristã se enfeitar?
Na maioria das igrejas contemporâneas são raros os pastores que sobem ao púlpito para dizer que não.
Reconhecemos, porém, que existem algumas comunidades cristãs que sinceramente consideram que as mulheres devem evitar o uso de jóias, maquiagem e roupas vistosas e que controlam até o corte e o penteado dos seus cabelos.
Qual a legitimidade dos adornos femininos?
1 Qual a expressão real da modéstia cristã?
E o que isso tem a ver com a percepção daquilo que a Bíblia realmente ensina sobre a natureza, o propósito e especialmente o valor das mulheres cristãs tanto as do passado quanto as do presente?
Ao pesquisarmos, verificamos que a interpretação dos textos pertinentes ao assunto tem sido, muitas vezes, afetada por pontos de vista preconcebidos, tanto pelos que aceitam quanto pelos que rejeitam adornos externos nas mulheres.

I. O DILEMA

Será que é possível uma mulher usar adornos externos ou um pastor temente a Deus permitir que as senhoras e moças da sua igreja se enfeitem sem ir de encontro às duas passagens bíblicas citadas para proibir o uso de todos ou certos adornos?
Elas parecem ser tão claras e específicas!
1 Timóteo 2.9-10 diz: ... que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas).
1 Pedro 3.3-6 declara:
Não seja o adorno das esposas o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus.
Pois foi assim, também, que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seus próprio maridos, como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo perturbação alguma.
Quantos dos pastores que acatam os adornos femininos nos cultos podem dar uma explicação clara sobre essa atitude às suas igrejas?
Quantos de nós têm certeza absoluta daquilo que estamos "aprovando," implicitamente, pelo uso?
Ou estamos abrigando "dúvidas" e ainda assim procedendo por causa de comodidade ou vaidade?
A Bíblia é clara quando diz que a falta de certeza sobre o nosso comportamento indica que estamos pecando, embora estejamos fazendo algo que talvez não seja pecaminoso em si
(Rm 14.12, 22-23).
Existem centenas e milhares de mulheres no Brasil e pelo mundo afora, que amam a Deus de todo o coração, mas que sentem uma fisgada de desconforto e culpa quando lêem essas passagens.
Perguntam a si mesmas se estão sendo carnais, se estão falhando na sua espiritualidade.
Numa era em que seus maridos ou namorados estão cercados de mulheres que combatem a celulite, a gordura, as rugas e os cabelos brancos como inimigos mortais e na qual a humanidade valoriza intensamente a aparência física, elas não conseguem evitar arrepios ao pensar nas possíveis conseqüências de deixar de lado os próprios esforços em prol de uma aparência agradável.
A maioria chega à conclusão que ficariam sem condições emocionais e sociais para continuar convivendo e trabalhando adequadamente nas esferas onde Deus as colocou. Ao olhar ao redor de si, notam que nenhum líder na sua igreja está advogando a abstenção dos adornos e cosméticos.
Concluem que essas pessoas devem ter entendimento mais apurado do assunto e continuam como estão.
Mas o sentimento de culpa continua, especialmente quando alguém lhes aponta esses versículos e lhes conclama a uma auto-defesa.
Enquanto isso, há outras tantas mulheres que realmente praticam a abstinência de qualquer enfeite externo (dentro dos limites estipulados por suas igrejas).
Tendo entregue a vida a Deus, conseguem conviver relativamente bem com essa situação, especialmente porque encontram um sistema de apoio mútuo dentro dos seus círculos eclesiásticos.
As suas vidas se entrelaçam quase inteiramente com o seu lar e com a sua igreja e as atividades desta.
Sofrem muito, entretanto, quando tentam passar essas mesmas proibições às suas filhas que têm que conviver diariamente com um mundo que se nega a dar-lhes valor e que ri da sua falta de adornos e das suas roupas diferentes, nas escolas e nos empregos.
Filhas que sofrem e olham para outras mulheres cristãs que não se abstêm e perguntam — "Porque elas podem, e eu não?"
E que são prontamente admoestadas por sua falta de amor a Deus e exortadas com frases do tipo "Enganosa é a graça e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada" (Pv 31.30) ou "Nós não queremos que a nossa filha seja confundida com uma Jezabel!"2

II. A Necessidade de Aprofundamento na Questão

É, portanto, urgente que haja uma verificação mais aprofundada do significado e da importância dos textos principais que se referem a esse assunto.
É extremamente relevante também porque o texto de 1 Timóteo está enraizado nas orientações específicas de Paulo a respeito do comportamento de homens e mulheres nas igrejas, especialmente na área de liderança.
A outra determinação se encontra em meio aos conselhos de Pedro, a ambos os sexos, sobre a vida no lar.
Trata-se de áreas extremamente polêmicas nas igrejas e no mundo em que vivemos porque muitos têm chegado à conclusão de que esses versos eram condicionados a um tempo que já passou e portanto não se aplicam aos dias de hoje.
3 Como evitar o desprezo de parte de uma passagem se nós mesmos não conseguimos explicar a razão pela qual seguimos ou não seguimos a aparente instrução da outra parte?
Existe muita confusão a respeito da autoridade masculina na igreja e no lar porque a liderança masculina nas igrejas tem, vezes demais, se mostrado indiferente ao valor, sentimentos e dons das mulheres com que convivem, deixando pouco ou nenhum espaço para a sua expressão, inclusive na área dos adornos.
Começando pelos Pais da Igreja, passando por expoentes da Reforma e por grande número de teólogos e comentaristas de renome, verificamos negligência e omissão em algumas áreas do seu lidar com a metade feminina do povo de Deus.
4 Em muitas ocasiões, a legítima liderança amorosa masculina se deteriorou num domínio arrogante e agressivo, baseado em pressuposições errôneas de superioridade.
5 Se tivessem sido mais compreensivos e dado igual atenção nos seus sermões e escritos ao exemplo de Jesus quando lidava com as mulheres e às orientações de Pedro (e de Paulo também – Ef 5.25-33; Cl 3.19) para os homens,6 a situação atual talvez fosse bem diferente.

III. Preconceitos, Prescrições e Omissões

A Tendência Judaica

Os Pais da Igreja não se desviaram da opinião judaica a respeito de mulheres, prevalecente no período apostólico.
Filo de Alexandria, um contemporâneo de Paulo e Pedro, declarou:
a fêmea é imperfeita, sujeita, vista mais como o parceiro passivo do que o ativo.
E já que os elementos dos quais consistem a nossa alma são dois a parte racional e a parte irracional a parte racional pertence ao sexo masculino, sendo a herança de intelecto e razão; mas a parte irracional pertence ao sexo feminino, e também os sentidos externos.
7 E a mente é em cada respeito superior ao sentido externo, como é o homem à mulher."
Na compilação das tradições orais preservadas pelos judeus, os homens eram encorajados a agradecer a Deus diariamente por não tê-los feito "nem gentio, nem mulher, nem escravo."
8 No templo em Jerusalém as senhoras não podiam passar do átrio das mulheres,9 um isolamento até considerado natural pela maioria dos comentaristas, mas que, na realidade, não existia no plano divino para o tabernáculo (1 Sm 1.9-10) e nem no primeiro templo (1 Cr 28.11,19; 1 Rs 5-8), refletindo tão somente o preconceito do judaísmo.
Paradoxalmente, os adornos parecem ter sido amplamente utilizados nesse período.

A Tendência Patrística

Não existe registro de como os lideres das igrejas que receberam as cartas de Paulo e Pedro interpretaram e aplicaram as suas palavras nos textos já mencionados.
Mas os Pais da Igreja dos séculos subseqüentes tornaram-se totalmente contrários ao uso do adorno feminino.
Tertuliano (160-220 DC) reclamou sobre as mocinhas:
"Elas consultam o espelho para ajudar a sua beleza, gastam a pele do rosto de tanto lavar, tentando tornar o mesmo sedutor com cosméticos, arrogantemente jogam uma capa por cima dos ombros, colocam seus apertados sapatinhos multiformes e levam bem mais acessórios quando vão ao banho."Cipriano (c. 250 DC) ensinou que "os adornos e as roupas vistosas e as seduções da beleza pertencem apenas a prostitutas e mulheres desenvergonhadas, e a vestimenta mais cara acompanha aquela cuja modéstia é a mais barata.
Jerônimo (340-420 DC) perguntou:
"Qual o lugar de ruge e chumbo branco no rosto de uma senhora crista?
Servem apenas para inflamar as paixões dos homens jovens, para estimular a lascívia e para indicar uma mente impura.
Eram homens de peso na história da igreja cristã mas quase todos com tendências ascéticas.

C. Nosso Propósito

Neste ensaio, tentaremos estabelecer que Paulo e Pedro não estavam proibindo o uso de adornos pelas mulheres, mas que, ao contrário, eles estavam contrastando o legítimo adorno externo com algo bem mais valioso o adorno interno.
Verificaremos de forma resumida e geral o que a igreja tem ensinado a respeito disso durante os dois milênios que se passaram.
Examinaremos os versos nos seus contextos histórico, bíblico, teológico e textual. Ao mesmo tempo, procuraremos conhecer um pouco melhor tanto as intenções dos apóstolos quanto a natureza das mulheres da época, para podermos nos aproximar mais da sua realidade e então compará-la à nossa situação atual.

IV. O CONTEXTO HISTÓRICO DAS PASSAGENS

As passagens polêmicas fazem parte integral de duas cartas escritas pelos apóstolos Paulo e Pedro no início dos anos 60 D.C.14 Paulo endereçou a sua carta ao seu filho na fé Timóteo, que se encontrava na cidade de Éfeso supervisionando as igrejas da Ásia,15 enquanto que os eleitos forasteiros da Dispersão, no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia receberam os conselhos e admoestações de Pedro (1 Pe 1.1), quase ao mesmo tempo.
Em circulação entre essas pessoas provavelmente já estavam as cartas de Paulo aos Gálatas, Efésios, Colossenses e a Filemom, como também a carta de Tiago "às doze tribos que se encontram na Dispersão" (Tg 1.1).

A. O Império Romano

Nesse período, na cidade de Roma (onde Paulo esteve e Pedro estava), o desequilibrado imperador Nero (37-68 DC) manipulava o Império Romano.
Existia uma sensação de instabilidade muito grande.
Apesar da existência de leis e de um sistema de justiça tão bom que formou a base de muitos códigos civis da nossa atualidade, sabia-se que a vida de um ser humano valia muito pouco para os conquistadores.
Outra evidência da degradação humana reinante podia ser vista nos divertimentos oferecidos nas principais cidades do império, onde os romanos haviam construído anfiteatros ou estádios.
Eram violentos e brutais.
Nos combates entre feras, milhares de animais morriam anualmente.
Mas o gosto pelo derramamento de sangue se satisfazia mais terrivelmente ainda com a luta entre gladiadores, onde prisioneiros de guerra, escravos e criminosos eram armados e forçados a lutar até o fim. O vencido era morto.
Em 64 DC, haveria um incêndio enorme em Roma.
Muitos responsabilizariam Nero.
Ele, por sua vez, acusaria os cristãos da cidade.
Assim, a mando de Nero, apenas dois ou três anos depois de Paulo e Pedro terem escrito essas cartas, muitos cristãos seriam lançados às feras ou colocados, desarmados, para enfrentar gladiadores diante de milhares de espectadores nos anfiteatros de Roma.
Seria o início de perseguições esporádicas pelo governo romano que durariam dois séculos e meio.
Diz a tradição que os dois apóstolos foram mortos durante as perseguições neronianas.
Na sociedade romana sob a influência de Nero (e dos seus antecessores), havia uma constante procura por excelência na qualidade e na estética, como também um interesse por novidades.
Sendo grande amante das artes, Nero dava grande valor às coisas e pessoas bonitas. Nunca usava a mesma roupa duas vezes.21 Assim, a alta sociedade da época se preocupava com a sua aparência ainda mais que as gerações anteriores , e isto ocorria não somente na cidade de Roma mas em todo o império.
Os gostos e costumes das mulheres romanas tornaram-se "chiques." Conhecer e satisfazer as tendências e as preferências romanas era vital para todos aqueles na Ásia Menor que trabalhavam com o comércio e também para aqueles que se destacavam na alta sociedade.

Ásia Menor

A província romana da Ásia se encontrava na enorme península denominada subseqüentemente como Ásia Menor, hoje conhecida como Turquia.
Ponto, Galácia, Capadócia e Bitínia eram outras províncias romanas nessa mesma península. Juntamente com a Ásia, abrangiam a quase totalidade da Ásia Menor, excetuando a área costeira do sul.
O fato pode surpreender, mas a província da Ásia foi a parte mais próspera do Império Romano durante os dois primeiros séculos da era cristã.
Era a maior fonte da riqueza de Roma e várias rotas de caravanas que traziam os tesouros do Oriente (como algodão e seda) findavam na sua capital, Éfeso, centro político, comercial e cultural da área.
Militares e governantes eram enviados de Roma até lá regularmente para manter as leis e a ordem, e também para supervisionar o comércio. Alguns traziam as suas famílias.
Tanto a Ásia quanto grande parte da Ásia Menor daquele período (especialmente no litoral) gozavam de um passado e presente cultural do mais alto nível.
Para dizer a verdade, esse não seria igualado novamente no mundo ocidental até a renascença européia dos séculos XV e XVI.24 Apesar de já estar sob domínio romano por quase dois séculos (desde 133 AC), a península era essencialmente grega, pois havia sido colonizada pelos gregos no século VIII AC.
Muitos dos filósofos, cientistas e artistas da antigüidade que admiramos e conhecemos como "gregos" realmente não eram do continente europeu, mas daqui, já bem antes do período apostólico.
Algumas das esculturas "gregas" mais conhecidas através da história foram feitas por artistas da Ásia Menor.
Três das "Sete Maravilhas do Mundo Antigo" encontravam-se na Ásia.

AS MULHERES DA ÁSIA MENOR

Já que ambas as missivas se destinaram primariamente a cristãos da Ásia Menor, cabe analisarmos as mulheres dessa área, citadas nominalmente nos escritos neo-testamentários, como representantes daquelas que estavam sendo instruídas pelos dois apóstolos. Dentre essas, encontramos Eunice, Priscila, Lídia, Áfia e Ninfa. Todas tinham ligações concretas com as igrejas ou províncias que receberam as instruções originais sobre o verdadeiro adorno feminino.
Provenientes das quatro principais culturas que já estavam convivendo lado a lado na Ásia Menor por dois séculos ou mais, eram de ascendência romana, grega, judaica ou autóctone, com variado grau de integração com as culturas nas quais viviam.
Um exame mais aproximado fará com que elas e as suas irmãs em Cristo possam tornar-se mais reais e relevantes para nós.

Mulheres Diversas com Personalidades Marcantes

Eunice (mãe de Timóteo) era uma mulher judia instruída e inteligente, com uma fé exemplar, casada com um incrédulo grego, de classe alta, que morava numa colônia romana da Ásia Menor e convivia com pessoas simples do interior (os licaônios) (At 16.1; 2 Tm 1.5, 3.15).28
Priscila representa uma mulher romana ou judia, de classe média ou alta, forte, inteligente e corajosa, provavelmente poliglota e instruída, bem casada com um judeu da Ásia Menor que, por causa da sua fé, enfrentou perseguições e aprendeu a viver bem em Roma, na Grécia e na Ásia Menor, absorvendo e refletindo aspectos significativos das três culturas (At 18.1-26; Rm 16.3-5; 1 Co 16.19; 2 Tm 4.19).29
Lídia (At 16.12-40) era uma mulher grega proveniente da cidade de Tiatira, na Ásia Menor.
Ela vivia numa colônia romana e seguia a religião judaica.
A sua profissão era ligada ao vestuário dispendioso (a venda de púrpura).
Quando converteu-se à religião cristã, ela aparentemente conservou a sua profissão e atividades.
Deduzimos que Ninfa (de Laodicéia Cl 4.15) e Áfia (de Colossos Fm 1.2) eram mulheres ricas pois tinham casas suficientemente grandes para hospedarem igrejas.
Conviviam com escravos cristãos (Cl 3.22-4.1).
Provavelmente, eram de origem local (Frígia já bem aculturadas) ou grega.
Observamos que todas essas cinco senhoras foram mencionadas com carinho e admiração por Paulo ou Lucas.
Outros tipos de mulheres também se faziam presentes nas igrejas citadas.
Além das esposas de homens descrentes ou infiéis (especificamente endereçadas nas instruções de Pedro) também estavam as filhas, mães ou irmãs destes.
E não devemos supor que todas as mulheres participantes dos cultos eram convertidas, pois poderiam estar ali por convite das amigas, por obrigação (em submissão aos pais ou maridos) ou até terem sido batizadas após a conversão do homem da casa). Realmente não eram tão diferentes das senhoras e moças da atualidade, como pode nos parecer à primeira vista.

A Moda Romana

Ao nosso ver, as técnicas e produtos daqueles dias podem parecer muito artesanais e simples, comparados aos atuais.
Mas as mulheres da Ásia Menor estavam vivendo num clima de crescente criatividade e desenvolvimento cultural.
Este duraria até o declínio do império romano e não voltaria por mais mil anos.
O exército romano mantinha a paza famosa Pax Romana na maior parte do império. Produtos e pessoas cruzavam terra e mares com maior facilidade.
O mercado para os tecidos e corantes asiáticos crescia e os comerciantes e os fabricantes tinham que inovar e melhorar para continuar garantindo o seu espaço no mercado mundial. Nota:
A cidade de Laodicéia era famosa por sua lã negra e lustrosa, proveniente de ovelhas negras. Colossos era conhecida pela lã peculiarmente arroxeada.
Tiatira era especializada em tinturaria.
O nome para bordador em Roma era phrygio, de tão famoso que eram os bordadores da área de Frígia.
Também era importante o controle dos produtos que chegavam mais e mais de países distantes (Pérsia, Índia, China) pelas caravanas.
Ao mesmo tempo, as mulheres romanas tinham mais e melhores condições para acompanharem os seus maridos, trazendo consigo as últimas novidades.
O conhecimento da última moda romana chegava constantemente a todas as principais cidades do império através das esposas e filhas dos governantes e militares de cada província e país. Como lavadeiras, costureiras, escravas, empregadas domésticas ou artesãs, como esposas ou filhas de comerciantes e artesãos, ou como parte da alta sociedade local, a maioria das mulheres tinha contato direto ou indireto com os costumes romanos.
Em meio a todas elas estavam muitas mulheres cujos maridos certamente eram fabricantes, comerciantes ou transportadores de roupas e produtos de beleza há anos. A renda da família poderia depender tanto dos produtos locais quanto daqueles que passavam pelas rotas das caravanas ao longo das quais estavam localizadas quase todas as cidades visitadas por Paulo.
Considerando que o mercado principal era o romano, grande parte das mulheres locais já havia se adaptado ao domínio e às práticas romanas (com a exceção provável de umas poucas judias recém-imigradas35 e algumas mulheres nas áreas mais afastadas).
O intercâmbio cultural era intenso e se não chegavam a seguir todas as tendências, pelo menos sabiam delas e muitas vezes viviam delas.
Assim sendo, podemos imaginar a filha de um comerciante de tecidos tentando convencer o pai de que precisava de alguns metros do linho fino importado, ou a de uma costureira deslizando os dedos sobre uma seda macia enquanto sonha com o olhar apaixonado de um belo rapaz.
Enquanto isso, as escravas das mulheres ricas ou aspirantes receberiam ordens para descobrir os segredos da "beleza" das romanas.
Nas reuniões e festas, status e aceitação poderiam depender da sua aproximação aos valores ditados pela moda romana.
Lídia e Priscila e as nossas outras três mulheres sempre haviam convivido com essa situação.
Paulo também a conhecia.

O EFEITO DO CRISTIANISMO NAS MULHERES DA ÁSIA MENOR

Era essa, pois, a situação em que se encontravam as mulheres cristãs da Ásia Menor. Várias raças, diversas línguas, religiões e culturas, modernidade ao lado de "atraso," e luxo e riqueza emparelhados com simplicidade ou pobreza.
Mulheres nascendo, casando, criando filhos, enviuvando, trabalhando, sonhando, criando. Algumas haviam nascido em religiões variadas que não satisfaziam e que pouco se preocupavam em prover-lhes felicidade e sentido para a vida, especialmente por serem mulheres.
Outras, como Eunice, já conheciam e respeitavam o Deus verdadeiro desde pequenas. Mas até para ela, e talvez principalmente para ela, a mensagem salvadora dos apóstolos significaria uma imensa e maravilhosa transformação e alegria.
O cristianismo estava tendo implicações enormes na estrutura das sociedades nas quais entrava.
A pregação dos apóstolos significava uma mudança de vida tão radical que eles foram acusados de estarem transtornando o mundo, enquanto estavam na Grécia (At 17.6).
E era verdade!
Pela primeira vez na história humana, barreiras tradicionais que sempre haviam existido estavam sendo abertamente derrubadas.
Analfabetas, letradas, escravas, servas, donas de casa, artesãs, esposas de comerciantes, "socialaites" e até ex-prostitutas poderiam estar sentadas lado a lado para adorar ao mesmo Deus e para aprender como agradá-lo.
Maltratadas e bem-cuidadas, cansadas e animadas, ricas e pobres, solteiras, casadas e viúvas elas repentinamente faziam parte da mesma família.
Eram irmãs, filhas adotadas por um mesmo Pai da maneira como elas eram.
E não somente as barreiras sociais estavam sendo desfeitas:
também as culturais e nacionais haviam de ser esquecidas no convívio entre gregas, judias, romanas e locais.
Paulo resumiu tudo isso na sua carta aos Colossenses (habitantes da província da Ásia), quando disse que na igreja "não importa a nacionalidade, a raça, a educação ou a posição social de alguém: estas coisas não significam nada.
O que importa é se a pessoa tem Cristo ou não..."
Timóteo e os outros pastores estavam confrontando situações jamais vistas antes.
Com a quebra dessas barreiras, um grande número de pessoas (e de senhoras) talvez estivesse sem entender os limites da sua nova liberdade.
As epistolas de Paulo, Pedro e Tiago lidam com muitos dos problemas que surgiram.
E um deles é o assunto do qual estamos tratando com Paulo e Pedro determinando qual deveria ser o comportamento das mulheres nas igrejas e nos lares da Ásia Menor.

A APROVAÇÃO IMPLÍCITA DE ORNAMENTOS NA BÍBLIA

Antes de voltarmos aos textos de 1 Timóteo e de 1 Pedro, interessa, em primeiro lugar, verificar o que indicam algumas das muitas referências sobre jóias, adornos e a beleza feminina constantes da revelação divina encontrada no restante da Bíblia.
Abraão, marido de Sara, aquela que Pedro elogia como exemplo de mulher santa, enviou jóias e vestidos para a futura esposa do seu filho, Isaque.
"Tomou o homem um pendente de ouro de meio siclo de peso, e duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro…Tirou jóias de ouro e de prata, e vestidos, e os deu a Rebeca" (Gn 24.22,47,53).
Deus abençoou todos os passos para a realização desse matrimônio.
Deus permitiu que os israelitas recebessem jóias e roupas do povo do Egito (Êx 12.35) e aceitou com agrado a contribuição voluntária de uma parte destas para serem transformadas em utensílios e enfeites para o tabernáculo, o lugar em que ele seria adorado (Êx 35.22, 23; 28.17-20).
Moisés transmitiu a mensagem:
"Tomai, do que tendes, uma oferta para o Senhor; cada um, de coração disposto, voluntariamente a trará por oferta ao Senhor: ouro, prata, bronze, estofo azul, púrpura, carmesim, linho fino, pêlos de cabras, peles…, pedras de ônix e pedras de engaste…(Êx 35.5-9).
Êxodo 35 a 39 descreve a beleza desse tabernáculo e os detalhes das vestes dos sacerdotes, tudo do melhor e do mais bonito.
Ouro, linho, pedras preciosas, anéis, argolas, coroa... Quando os israelitas tiraram o espólio do povo de Canaã, Deus nunca deu ordens para que deixassem de lado as jóias e roupas bonitas que estariam entre as riquezas que poderiam levar, nem que as aproveitassem de outra maneira.
"Voltais às vossas tendas com grandes riquezas, com prata, ouro,… e muitíssima roupa, reparti com vossos irmãos o despojo dos vossos inimigos"
(Js 22.8).
No livro de Cantares de Salomão, que por muitos é considerado tanto um poema sobre o amor humano quanto uma expressão do amor entre Deus e o seu povo, Salomão falou à sua amada:
"Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares" (Ct 1.10).
Em Provérbios 11.9 e 25.12 a instrução dos pais e a palavra do sábio repreensor foram comparadas a um "diadema de graça para a tua cabeça, colares para o teu pescoço, e pendentes e jóias de ouro puro.
" A tão admirada mulher virtuosa de Provérbios 31 vestia-se de "linho fino e de púrpura" e conseguiu vestir a sua família com uma vistosa "lã escarlate" .
Seu valor excedia o de "finas jóias"
Quando Deus descreveu o seu amor para com o povo de Israel (Ez 16.8-14), ele disse:
Também te vesti de roupas bordadas, e te calcei com peles de animais marinhos, e te cingi de linho fino e te cobri de seda.
Também te adornei com enfeites, e te pus braceletes nas mãos e um colar a roda do teu pescoço.
Coloquei-te um pendente no nariz, arrecadas nas orelhas, e linda coroa na cabeça. Assim foste ornada de ouro e prata; o teu vestido era de linho fino, de seda, e de bordados;... eras formosa em extremo e chegaste a ser rainha. Correu a tua fama entre as nações por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da minha glória que eu pusera em ti.
Em Isaías 61.10, a beleza da salvação foi comparada à da "noiva que se enfeita com as suas jóias," enquanto que em Apocalipse 21.2 a Nova Jerusalém está "ataviada como noiva adornada para o seu esposo.
" As pérolas foram consideradas coisas de valor por Jesus em Mateus 7.6 e por Deus em Apocalipse 21.21.
É verdade que as citações acima são descritivas e não prescritivas.
Deus, nessas passagens, não fez nenhuma declaração específica aprovando ou encorajando os adornos femininos.
Mas é importante notar que ele também não os proibiu.
Nas passagens em que Deus castiga as mulheres do seu povo, tirando os seus adornos, a razão dada é que elas os haviam usado de maneira imprópria (Ez 16).
Não há declaração de que esses sejam errados em si.
No mesmo capítulo, a mulher que representa Judá seria despida dos seus vestidos enquanto que as suas finas jóias seriam tomadas por causa da sua lascívia e prostituição.
Não somente seus vestidos de luxo seriam tirados, mas toda a roupa, pois ela ficaria completamente nua e descoberta ), e ninguém disputa a propriedade de se usar roupa.
Também em Isaías 3.16-24 "as filhas de Sião" estavam sendo altivas, andando de pescoço emproado, de olhares impudentes, e de maneira vergonhosa (como as de Sodoma).
Deus então catalogou uma lista completa dos objetos para embelezamento que ele iria tirar delas uma lista que tem sido usada por muitos comentaristas do passado para resumir tudo que pensam que Deus não aprova (apesar de falar também de mantos, espelhos, bolsas e véus).
Mas basta reler o início de Ezequiel 16 para sentir como Deus estava validando e se identificando com o profundo anseio das mulheres que ele mesmo imaginou e criou de serem bonitas e admiradas.
Observemos que é com os lindos objetos de adorno que ele completa a perfeição da formosura dessa mulher que representa o seu povo amado.
Aquela mulher bonita (e adornada), entretanto, não deveria se esquecer de que a sua beleza foi dada e permitida por Deus com o propósito de ser usado para refletir a sua glória:
"Correu a tua fama… por causa da minha glória que eu pusera em ti" .
Foi quando as mulheres se desviaram desse propósito e confiaram na sua própria formosura que os adornos foram retirados.
As passagens acima demonstram que se Deus tivesse aversão ao adorno externo feminino, ele teria usado essas ocasiões, que seriam óbvias, para avisar ao seu povo que ele não queria o uso desses enfeites.
De fato, personagens bíblicas deram, usaram e receberam jóias, enfeites e roupas bonitas sem recriminação da sua parte.
Ele embelezou o seu tabernáculo e os sacerdotes com jóias e adornos.
O maior exemplo do significado das sublimes bênçãos divinas, que ele mesmo mencionou, é o do homem que procura satisfazer à sua amada, cobrindo-a de adornos por inteiro.
Ele conclui a sua revelação aos seus filhos descrevendo a beleza da sua igreja e da futura Jerusalém, usando a noiva enfeitada como a ilustração mais adequada.

ANÁLISE DOS TEXTOS DA CONTROVÉRSIA

Voltemos agora aos textos da controvérsia.
Paulo e Pedro, falando a senhoras e moças nas igrejas recém-formadas, compararam dois tipos de "adornos.
" Aparentemente, os dois condenaram o primeiro tipo, o "adorno exterior.
" Mas olhemos, com muita atenção, algumas outras passagens da Bíblia (escolhidas dentre muitas) em que também são feitas comparações ou contrastes.

Comparações em Outros Textos

No Antigo Testamento, em Gênesis 45.8, José falou: "...não fostes vós que me enviastes para cá, e, sim, Deus…" Assim, à primeira vista, poderíamos concluir que os irmãos de José não o mandaram para Egito.
Mas, um pouquinho antes , José já havia dito:
"Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes para o Egito."
No Salmo 51.16-17, o rei Davi expressa a sua imensa contrição pelos pecados de adultério e de homicídio cometidos por ele e faz as seguintes declarações ao seu Deus:
"Pois não te comprazes em sacrifícios, do contrário eu tos daria; e não te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito não o desprezarás, ó Deus."
No Novo Testamento, podemos estranhar algumas declarações de Jesus.
Em Lucas 14.12 ele ensina:
"Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos... nem teus parentes... antes convida os pobres..." Depois, em João 6.27, ele aconselha: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna..." Falando de Lázaro em João 11.4, Jesus diz:
"Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus."
Por que Davi falaria que Deus não se compraz com sacrifícios e holocaustos quando todos nós sabemos que a "Bíblia" dele estava repleta de instruções sobre como e quando oferecê-los?
Podemos concluir que Jesus proibiu que convidemos os nossos amigos para jantar em nossa casa quando ele mesmo freqüente e alegremente aceitou convites para jantar





A. Interpretações que Proíbem os Adornos Femininos

Os dois escritores do Novo Testamento poderiam realmente estar transmitindo uma nova orientação de Deus ou, talvez, uma orientação mais clara ou abrangente. Consequentemente, uma das marcas das mulheres participantes da Nova Aliança seria uma completa (ou quase completa) ausência de adornos e enfeites.
Assim, os termos decência e modéstia (1 Tm 2.9) acabavam de ser melhor definidos.
Como já vimos, essa tem sido a conclusão de muitos teólogos e comentaristas desde os primeiros séculos da era cristã até aos dias de hoje.
Outros procuram amenizar a aparente força das palavras de Paulo e Pedro observando que Paulo estava falando primariamente sobre as mulheres no culto e Pedro sobre as esposas, e assim sugerem que as diretrizes talvez se limitem aos dois ambientes
Alguns nutrem a noção de que Pedro e Paulo realmente estavam proibindo os adornos, mas que essas instruções dos apóstolos tratavam de situações restritas àquele tempo e portanto não são normativas para as mulheres cristãs dos séculos XX (e XXI).
Para concluir, existem ainda aqueles que questionam tanto a própria autoria de Paulo e Pedro quanto a divina inspiração das suas cartas.
Para esses que desconsideram a autoridade eterna da Palavra, não existe nenhuma dificuldade ou utilidade maior no texto além da avaliação do efeito histórico.

Interpretações que Permitem (ou Toleram) os Adornos Femininos

Por outro lado, temos Kistemaker e outros que concluem que Paulo e Pedro não tinham a mínima intenção de fazer com que as mulheres se abstivessem do embelezamento pessoal, ou que andassem fora da moda, mas que não explicam como então ler o texto sem ignorá-lo.
Ele escreve:
"Pedro não diz que a mulher deve se abster dos adornos.
Ele não proíbe o uso de cosméticos, nem o uso de trajes atraentes.
A ênfase de Pedro não é na proibição mas num senso apropriado de valores.
Mas não explica!
Hendriksen deixa um espaço aberto para os adornos externos quando traduz o início de 1 Timóteo 2.9 "que as mulheres se adornem com trajes de adorno com modéstia e bom senso…", e completa:
"É claro, portanto, que o apóstolo não condena o desejo da parte de moças e mulheres – um desejo criado nas suas almas por seu Criador de se adornarem, de usarem de ‘bom gosto’." Mas não explica!
Com relação à autoria e autoridade das epístolas, nos unimos àqueles que consideram que os ensinamentos desses textos bíblicos procedem realmente de Paulo e Pedro, sob a inspiração do Espírito Santo, e que continuam sendo normativos.
Temos certeza, porém, de que eles não estavam iniciando uma nova fase na qual qualquer tipo de adorno era categoricamente proibido às mulheres tementes a Deus. Cremos que, realmente, estamos lidando com uma expressão idiomática semítica em ambos os textos, e que o adorno externo não estava sendo proibido.
A seguir, citamos algumas razões.

O ADORNO DA COMPAIXÃO

Mateus 15.32

Quando uma noiva começa a planejar sua cerimônia de casamento, ela considera com muito cuidado como vai ser o seu vestido e quais enfeites que usará.
A moça pensa se vai usar véu, se colocará flores no cabelo, o que levará nas mãos, se usará luvas, qual tipo de sapatos calçará. Todos estes acessórios, ou enfeites, ou adornos, são importantes para completar a beleza dela naquele dia único na sua vida. Sem os adornos, a beleza da noiva ficaria incompleta.
A compaixão serve de adorno em termos de beleza espiritual.
A compaixão é um pesar que nos desperta para a dor de outros, é comiseração.
A compaixão bíblica nos faz dar um passo a mais:
é uma atitude ou sentimento, para com alguém que nos motiva a uma ação.
É uma generosidade de espírito que resulta em ajuda ao necessitado.
Esta compaixão pode ser vista com mais nitidez na vida de Jesus.
Ele teve compaixão em muitas circunstâncias diferentes que servem de modelo para as nossas próprias vidas.
Necessidades materiais (Mt 15.32).
Jesus teve compaixão no caso das necessidades físicas (neste caso, a fome).
Ele sentiu esta necessidade do povo que estava sem comer há três dias, e providenciou alimentação para suprir essa necessidade.
Doença física (Mc 1.41,42).
Jesus ficou profundamente compadecido vendo um homem doente de lepra e o curou.
Doença do espírito (Mc 5.2-20).
Jesus viu o sofrimento do homem que estava dominado por espíritos imundos e o restaurou ao juízo perfeito.
O versículo 19 nos explica que Jesus fez isto porque teve compaixão.
Necessidades espirituais (Mc 6.34).
Jesus enxergou a grande multidão em termos espirituais e viu que eram como ovelhas sem pastor.
Eles não tinham alguém que pudesse mostrar-lhes o caminho.
Por isso, Jesus compadeceu-se deles e passou a
ensinar-lhes muitas coisas.
Morte (Lc 7.11-15).
Nesse dia Jesus encontrou uma situação realmente triste.
Uma viúva estava indo enterrar o seu único filho que havia falecido.
"Vendo-a, o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores!
Naquela mesma hora, pelo poder de Deus,
Jesus ressuscitou o jovem morto e o restituiu à mãe.
A compaixão moveu Jesus a fazer um maravilhoso milagre.
Tentações (Hb 4.15,16).
O autor de Hebreus nos diz que o nosso sumo sacerdote (Jesus) pode compadecer-se das nossas fraquezas, porque ele mesmo passou por muitas tentações.
Ele sabe o que sentimos e as dificuldades que passamos.
Ele nos oferece graça para socorro em ocasião oportuna.
Podemos observar que em cada
uma dessas ocasiões Jesus sentiu a dor, o sofrimento, a necessidade das pessoas e então agiu para ajudá-las.
Nós devemos usar o adorno da compaixão em nossas vidas.
Em muitas das situações citadas, Jesus usou o seu poder de Filho de Deus para resolver os problemas das pessoas.
Hoje em dia nós não temos este mesmo poder milagroso.
Porém, todos nós temos capacidade para ajudar nosso próximo.
Usar de compaixão bíblica para com pessoas significa que vamos sentir com elas o que estão passando e agir dentro das nossas possibilidades a fim de socorrê-las.
Em casos de necessidades materiais, nós podemos compartilhar os nossos bens materiais.
Providenciar alimentos, roupas ou medicamentos é uma maneira de ajudar.
Às vezes o melhor apoio é ajudar a pessoa a encontrar um emprego, pois esta é uma solução mais duradoura para o problema.
Quando alguém adoece numa família, há muitas maneiras em que podemos servir.
É possível levar o doente no médico, providenciar alimentação para a família ou cuidar das crianças por algum tempo.
Se a doença for prolongada, poderemos fazer uma limpeza na casa ou assumir outras responsabilidades provisoriamente.
Sempre devemos continuar em oração a favor da pessoa doente.
A pessoa que tem uma doença emocional ou espiritual precisa de amor acima de tudo, aquele amor verdadeiro que "tudo espera, tudo crê, e tudo suporta"
(1 Co 13.8).
Nós cristãs temos a capacidade de oferecer este tipo de amor porque aprendemos a amar com Deus.
"Nós amamos porque Ele nos amou primeiro" (1 Jo 4.19).
Nós amamos sem esperar nada em troca.
Portanto, podemos dar o apoio de que a pessoa precisa.
Coríntios 2:14As necessidades espirituais são supridas pela palavra de Deus. Mostramos Jesus como a nossa única esperança para uma vida abundante agora e uma vida eterna com Deus.
Existem muitas oportunidades de compartilhar a nossa fé com aqueles que ainda não têm conhecimento da vontade de Deus.
Ajudamos assim as pessoas com necessidades espirituais.
No caso de morte não temos o poder de restituir o falecido ao convívio da família, mas há muito que podemos fazer para facilitar os dias difíceis dos familiares. Talvez a maior ajuda nesta situação seja a nossa presença física.
Um abraço, alguém sentado ao lado, uma demonstração sincera de emoção qualquer uma dessas coisas transmitem para a família a idéia que eles não estão sozinhos.
A nossa solidariedade oferece conforto numa hora em que as palavras são inadequadas. Além da nossa presença há muitos detalhes que têm de ser cuidados, bem como o lugar do enterro, o serviço funerário e as exigências legais.
Em cada situação a nossa compaixão nos leva a agir em benefício daqueles que estão necessitados.
Se nos colocarmos (mentalmente) no lugar da pessoa, descobriremos o que podemos fazer para socorrê-la.
Jesus disse:
"Tudo quanto, pois quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas" (Mt 7.12).
O adorno da compaixão é muito importante para a nossa beleza espiritual.
Vamos nos lembrar que um dos fatores que o Senhor usará em nosso julgamento final será a nossa compaixão (ou falta de compaixão).
Escutemos as palavras do Juiz:
"Vinde, benditos de meu Pai!
Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me. ... sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
"Mateus 25.34-36,40

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