31 de ago. de 2010

MOTIVOS PARA O CRENTE ADORAR A DEUS

- Como temos visto, a adoração a Deus é algo que faz parte da própria natureza do ser humano, é uma característica que acompanha o homem desde a sua feitura.
O homem deve adorar a Deus, porque Deus o fez e Ele tudo deve a este Deus.
A adoração estabelece os parâmetros corretos do relacionamento entre Deus e o homem, exatamente porque é através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como Seu servo.

- O primeiro motivo, portanto, para adorarmos a Deus está no fato de que Deus, o Senhor de todas as coisas, é o Criador de tudo, inclusive do próprio homem.
Quando adoramos a Deus, reconhecemos que Ele é o nosso Criador e manifestamos tal reconhecimento através da adoração.
Todo homem é apresentado a Deus como sendo Sua criatura
(Rm.1:20,21) e, através desta apresentação, deve o ser humano adorar a seu Criador.
Quando não o faz, desprezando a Deus, a Bíblia ensina-nos que são tais pessoas abandonadas pelo Senhor à sua própria sorte, gerando um sem-número de males e problemas para a humanidade rebelde, que se recusa a adorar o seu Criador
(Rm.1:24-32).

- O segundo motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que Ele nos ama, de, apesar de ser o Criador, jamais desampara o homem, mas, muito pelo contrário, o ama e tem prazer em estar na companhia do ser humano.
Por amar o homem, Deus enviou Seu Filho para morrer por nós, quando ainda éramos pecadores (Rm.5:8).
Jesus é a prova suprema deste amor, pois morreu por nós na cruz do Calvário (Jo.15:13).
Deus nos amou primeiro (I Jo.4:19) e, em gratidão a este tão grande amor, reconhecemos Sua supremacia e procuramos render-Lhe culto, bem como fazemos o que Ele nos manda.

- O terceiro motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que Ele nos salvou.
Deus não somente amou o homem, mas providenciou a sua salvação através da pessoa de Jesus Cristo.
Em Cristo, temos novamente acesso a Deus, pois os nossos pecados são perdoados e não há mais separação entre nós e Deus (Rm.5:1; Ef.2:13,14).
Assim, tendo em vista a salvação de nossas almas, temos um caminho que nos introduz à presença de Deus, o que torna possível a adoração direta e individual, o que, antes, não era possível ao homem pecador (Hb.10:19-22).
Podemos adorar a Deus, sem obstáculo, tendo como único mediador a Cristo Jesus (I Tm.2:5). Graças a salvação, temos uma comunhão eterna com o Senhor, como antes do pecado dos nossos primeiros pais, comunhão esta que perdurará para sempre na nova Jerusalém (Ap.21:2-4).

- O quarto motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que Ele precisa ser conhecido dos homens que ainda não O conhecem como Senhor e Salvador de suas vidas.
A missão principal dos servos de Deus neste mundo é anunciar a toda criatura o evangelho(Mc.16:15), ou seja, a boa notícia de que o reino de Deus é chegado e que os homens devem nele entrar através do arrependimento de seus pecados (Mc.1:14,15).
Deus somente será conhecido dos homens se nós O revelarmos através de nossas vidas e isto só será possível mediante a visibilidade da adoração.
Pela adoração, os homens poderão ver Deus em nós (Mt.5:16; At.6:15; II Co.3:18).
Como diz conhecido cântico, devemos adorar o Senhor de modo que o “mundo possa ver a glória do Senhor em nossos rostos brilhar.”

- O quinto motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que o necessário crescimento espiritual do crente depende da sua vida de adoração.
A vida espiritual é uma vida dinâmica, uma vida de contínuo desenvolvimento, pois não é possível haver uma vida estacionária, parada no campo espiritual.
Se não avançamos espiritualmente, estaremos, necessariamente, regredindo.
Por isso, o escritor da epístola aos Hebreus diz que devemos correr com paciência a carreira que nos está proposta (Hb.12:1) e o apóstolo Paulo afirma, somente ao final de sua vida, que tinha encerrado a sua carreira (II Tm.4:7).
Sendo uma vida espiritual algo dinâmico, precisamos estar em contínuo relacionamento com Deus, precisamos orar em todo o tempo, mantermos uma vigilância sem qualquer trégua ou interrupção, o que somente é possível se adorarmos a Deus a todo instante, a todo momento.
São estes os adoradores que Deus está buscando
(Jo.4:23).

- O sexto motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que nós temos fé em Deus, porque confiamos nEle.
Fé, como afirmou de modo muito feliz o pastor Ricardo Gondim (Assembléia de Deus Betesda) é o elo que nos une a Deus, a um Deus que nós não vemos, é uma certeza sem provas, é uma convicção sem provas, sem garantias (Aprenda a ter uma grande fé – pregação radiofônica difundida em 25.11.2003).
Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb.11:6) e, portanto, para que possamos adorar a Deus, render-Lhe culto e louvor, é indispensável que creiamos que Ele existe e é galardoador dos que O buscam. Nunca nos esqueçamos que Jesus, em muitas oportunidades, ao se dirigir às pessoas que O ouviam, fazia alguma observação a respeito da fé que elas possuíam.

- O sétimo motivo pelo qual devemos adorar a Deus é o fato de que nós amamos a Deus.
Somente se amarmos a Deus poderemos adorá-lO.
Quando amamos alguém, queremos estar sempre ao seu lado, queremos estar, constantemente, na sua companhia.
Ora, se amamos a Deus, desejamos estar sempre ao Seu lado, estar sempre em Sua companhia e não há outra forma de o fazermos senão através de uma contínua adoração a Ele.
A igreja anseia pela contínua companhia de seu Noivo, de seu amado:
” o meu amado é meu e eu sou dele”
(Ct.2:16a).

III
A ADORAÇÃO A DEUS MEDIANTE A LITURGIA

- Embora a adoração a Deus não se confunda com o culto a Deus nas reuniões coletivas da igreja local, é esta uma das formas pelas quais adoramos ao Senhor.
É o que os estudiosos da Bíblia denominam de “liturgia”, palavra que veio do grego “leitourgía” (λειτουργία), que significava, primitivamente, “…em Atenas, ‘contribuições (de origem sobretudo ritual) que o Estado exigia dos cidadãos para alívio de determinadas obrigações do poder público, entre as quais: 1) a trierarquia ou equipagem de uma trirreme;
2) a coregia ou obrigação de equipar e organizar um coro de dança em concursos líricos e dramáticos;
3) a gimnasiarquia ou organização dos jogos públicos;
4) a hestiase ou banquete oferecido a todos os cidadãos…” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).

- Como se pode perceber, portanto, a “liturgia” era, na Grécia Antiga, um serviço público, uma obrigação do cidadão, quase sempre de origem religiosa, um esforço que deveria fazer para contribuir para que os “deuses” se fizessem favoráveis com a cidade a que pertencia o cidadão. Era, portanto, o cumprimento de um dever para com a divindade de forma pública, em sociedade, visando a bênção divina não só para o cidadão, mas para todo o povo.

- Este mesmo tipo de atitude vemos nas prescrições da lei mosaica, onde se estabeleceram festividades e rituais em que o povo de Israel celebrava o seu Deus, notadamente nas três grandes festas (Páscoa, Pentecostes e Festa dos Tabernáculos) e no dia da expiação, quando se fazia, inclusive, um sacrifício em prol de todo o povo. Aqui, também, se demonstrava a necessidade de todo o povo, propriedade peculiar de Deus entre os povos (Ex.19:5,6), praticar atos públicos de reconhecimento da soberania de Deus.

- Assim, a “liturgia” é esta adoração pública, é este reconhecimento coletivo, de toda uma comunidade, da soberania do Senhor e um instante em que todos se reúnem para dar ao Senhor a glória que somente a Ele é devida (Sl.29:2; 66:2; 96:7,8; Is.42:8;48:11).
Deus tem prazer nesta adoração coletiva e sempre instou Seu povo a fazê-lO
(Lv.9:6,23; Nm.14:10), até porque, em reuniões como estas, o Senhor mostra os Seus propósitos de vida, de santidade e de amor para com o Seu povo
(Dt.5:24; 26:19), de modo a que o Seu povo possa anunciar às outras nações esta mesma glória
(I Cr.16:28,29; Sl.96:3; Is.42:12).
A presença da glória do Senhor nas reuniões do Seu povo, ademais, é uma demonstração de nossa filiação divina por adoção em Cristo Jesus
(Sl.90:16; Is.61:6).

- Mas, ao lado deste aspecto de adoração, de relacionamento com Deus, de reconhecimento da soberania divina, a “liturgia” também tem um aspecto externo, um conjunto de ritos, formalidades e cerimônias que devem ser estabelecidos, já que estamos diante de uma adoração coletiva, de uma reunião de pessoas, a exigir, portanto que, na convivência e na reunião, haja uma organização, uma ordem, até porque se trata de um momento de grande reverência e respeito, pois se vai adorar ao Senhor de todo o universo. Assim, se é razoável exigir-se uma certa solenidade, uma certa formalidade quando estamos diante de ocasiões especiais na vida cotidiana, como poderemos dispensar um ambiente de respeito e de consideração quando nos reunimos para adorar a Deus?

- Além do mais, quando vemos na Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e consideração nas reuniões coletivas de adoração.
Quando Se manifestou a Moisés, imediatamente mandou que o futuro líder libertador de Israel não Se aproximasse da sarça ardente e, ainda, descalçasse seus pés pois o lugar onde se encontrava era terra santa, em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria repetido em relação ao sucessor de Moisés, Josué (Js.5:15), passagem que prova que a adoração não se desprende da reverência e que a reverência impõe a existência de algumas formalidades. Por isso, integral razão tem o pastor Osmar José da Silva quando afirma que “…a própria liturgia envolve-se em rituais e o ritualismo religioso envolve-se em normas litúrgicas.
São como gêmeos que não se separam).…” (Liturgia: rituais, símbolos, cerimônias, doutrinas, costumes, histórias, p.15).

- No monte Sinai, também, o Senhor mandou que o povo se preparasse convenientemente para a manifestação da glória divina, inclusive mantivesse uma certa distância do monte (Ex.19:9-25), tendo, sido, aliás, esta a primeira ordem dada por Deus depois que o povo aceitou ser o Seu povo.
Não foi à toa, portanto, que o sábio pregador advertiu os servos do Senhor a guardarem os seus pés quando entrassem na casa do Senhor (Ec.5:1 – ARC, ARA, TB), expressão cujo significado é ser reverente (como, aliás, consta na Nova Versão Internacional), ser vigilante nos seus passos, nas suas atitudes (como consta da Tradução Ecumênica Brasileira), ter cuidado (como consta na Nova Tradução na Linguagem de Hoje), “ver onde põe o pé” (como se vê na Versão do Pe.
Antonio Pereira de Figueiredo).

- A reverência, o respeito, a consideração traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser humano, o que nos leva a respeitá-lO, ou seja, “olhá-lO com atenção”, “levá-lO em consideração”, “prestar-Lhe atenção”, “dar-Lhe ouvidos”, como nos indica a própria raiz indo-européia da palavra “respeito” que é “spek”.
O respeito leva-nos, portanto, a ter algumas regras e normas no culto a Deus, normas estas que devem ser observadas e que revelam o próprio ato de adoração que está presente em cada culto coletivo a Deus.

- No entanto, se há necessidade de haver uma determinada ordem no culto coletivo a Deus e que esta ordem se manifeste por meio de algumas regras e normas, há o grande risco de, em nome da organização, estabelecermos um formalismo, um legalismo que prevaleça sobre a própria adoração a Deus, que foi, precisamente, o mal que tomou conta do povo de Israel que passou a cultuar a Deus de modo exclusivamente externo e aparente, prendendo-se aos rituais e às cerimônias, o que levou, inclusive, o Senhor a abominar as solenidades e festividades que se passaram a realizar. Através dos profetas, Deus mostrou ao Seu povo que não tinha prazer em rituais, cerimônias e solenidades, se elas não viessem acompanhadas de um verdadeiro espírito de adoração, se elas não traduzissem um real e sincero reconhecimento da soberania divina da parte dos participantes das cerimônias religiosas (Is.1:10-19; 58:1-8; Zc.7:4-7; Ml.1:7-14). O ponto máximo do formalismo encontramos nos fariseus, a ponto que “farisaísmo” passou a ser sinônimo de um formalismo vazio e abominável ao Senhor, algo que repugna a Deus, como nos dá conta o próprio ministério terreno de Jesus Cristo (especialmente, Mt.23).

Um comentário:

Irismar Oliveira disse...

Edna, seja bem-vinda ao Vivendo pela palavra. Eu também ja estou por aqui.

Uma boa tarde.