14 de jun. de 2010

Tolerância Zero

Há uma linha divisória entre a longanimidade de Deus e a sua justiça; entre a sua paciência e a sua ação ajuizadora; entre o seu esperar e o seu agir.
Pelos exemplos da Bíblia sabemos que a tolerância de Deus é igual a zero para quem ultrapassa a linha vermelha.
Vemos isso no anúncio do dilúvio a Noé:
“O fim de toda carne é vindo perante a minha face, porque a terra está cheia de violência.
E eis que os desfarei com a terra”
(Gn 6.13).
“Deus não poupou os anjos que pecaram, havendo-os lançado no inferno, entregues às cadeias de escuridão, e reservados para o Juízo”
(2 Pe 2.4).
A intolerância divina diante da desobediência se revelou também no deserto, em Cades, quando seu povo desconfiou do poder de Deus e julgou impossível vencer os “gigantes” que habitavam na terra prometida.
A sentença veio sem meias palavras:

A Palavra foi fielmente cumprida.

Seus filhos e suas filhas serão dados a outro povo... o Senhor te levará a ti e a teu rei a uma gente que não conheceste...(Dt 28.32,36; v. Isaías 6.11,12).

Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa...será levado para a Babilônia; não ficará coisa alguma, disse o Senhor”
(Is 39.6).

Essas profecias foram cabalmente cumpridas. Por sua idolatria e corrupção moral, o povo de Deus foi levado cativo pelos assírios (722 a.C., 2 Rs 17.6); pelos babilônios (586 a.C., 2 Rs 25.21), pelos gregos, para Alexandria, no Egito, séc. III a.C., pelos romanos (70 d.C., Lucas 21.20-24). O exílio na Babilônia está bem expresso no livro de Daniel:

“No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor, rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou”
(Dn 1.1).

A ruína moral da nação de Judá chegou no ponto em que não havia mais possibilidade de recuperação.
A nação ultrapassou a linha vermelha a partir da qual ficou sujeita ao julgamento divino.
O cativeiro dos judeus é um exemplo de que Deus não tolera por tempo indefinido o estado pecaminoso do seu povo. Séculos antes, pela boca dos profetas, Deus os advertiu para a catástrofe iminente.
Na descrição das dores por que passaria Jerusalém, Jeremias diz o seguinte:

Fá-los-ei comer as carnes de seus filhos e as carnes de suas filhas, e cada um comerá a carne do seu próximo, no cerco e na angústia em que os apertarão os inimigos e os que buscam tirar-lhes a vida”
(Jr 19.9).

Ezequiel:


“Esta é Jerusalém... [que] se rebelou contra meus juízos...e não andou nos meus preceitos...executarei juízos no meio de ti...os pais comerão a seus filhos, os filhos comerão a seus pais, e espalharei todo o remanescente a todos os ventos”
(Ez 5.5-10).


As profecias davam conta de que haveria atos de canibalismo em Jerusalém, tamanha seria a falta de alimentos.
A fome seria de tal ordem que o povo comeria a sola dos sapatos, e as mulheres devorariam seus próprios filhos.
Naquele tempo, ninguém deu muito crédito a essas advertências.
O povo continuou deitando e rolando em seus “carnavais”, orgias e idolatrias.
Deus cumpre a sua palavra.
O profeta Jeremias foi o único escritor conhecido do Antigo Testamento que testemunhou em primeira mão a tragédia que se abateu sobre Jerusalém, 586 a.C.
Ele escreveu:
“Mais felizes foram as vítimas da espada do que as vítimas da fome; porque estas se definham atingidas mortalmente pela falta do produto dos campos.
As mãos das mulheres outrora compassivas cozeram seus próprios filhos; estes lhes serviram de alimento na destruição da filha do meu povo.
Deu o Senhor cumprimento à sua indignação, derramou o ardor da sua ira.
Não creram os reis da terra, nem todos os moradores do mundo, que entrasse o adversário e o inimigo pelas portas de Jerusalém”
(Lm 4.9-12).

Passados cerca de 500 anos das lágrimas de Jeremias sobre Jerusalém, e do cativeiro babilônico, Jesus também chorou sobre a cidade.
Um choro que foi mais lamento, pranto, soluço e clamor de quem soube com bastante antecedência o que iria acontecer.
Jesus profetizou:

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todas as bandas, e te derribarão, a ti e a teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em ti pedra sobre pedra...”
(Lc 13.34; 19.41-44).

“E toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto, e estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos”
(Jr 25.11).

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