Jeremias nasceu no povoado de Anatot, pertinho de Jerusalém, entre 650 e 640 a.C.
Era filho do sacerdote Helcias, da casa de Eli.
Talvez descendesse de Abiatar, chefe dos levitas em Jerusalém na época do rei Davi, e que foi desterrado para Anatot por Salomão, segundo
(1Rs 2,26-27).
O que significa o nome Jeremias?
O significado do nome é incerto.
Há duas possibilidades.
Yirmeyâhû quer dizer "Iahweh exalta", "Iahweh é sublime" ou "Iahweh abre (=faz nascer)".
Este nome era bastante comum nos tempos bíblicos.
São conhecidos pelo menos sete personagens, mais ou menos importantes, com este nome.
Durante quanto tempo Jeremias atuou como profeta ?
Jeremias atuou cerca de 50 anos, de 627 a ca. 580 a.C., sob os governos de Josias (629-609 a.C.), Joaquim (609-598 a.C.), Sedecias (597-586 a.C.) e Godolias/exílio (586/ca.580 a.C.).
Por isso, costumamos dividir, didaticamente, sua atuação segundo estes quatro períodos.
Que tipo de texto há no livro de Jeremias?
á quatro tipos de textos no livro de Jeremias:
o Oráculos em forma de poesia, como Jr 4,5-6,30
o Relatos autobiográficos, como Jr 1,4-19
o Relatos biográficos, como Jr 26, 1-24
o Discursos em prosa, como Jr 7,1-8.
Como se convencionou unir em um só os dois primeiros tipos, quase totalmente em forma poética, costuma-se classificar os textos de Jeremias em três tipos:
1. Palavras de Jeremias em verso e relatos autobiográficos em verso e prosa
2. Relatos biográficos, na 3a pessoa, sobre Jeremias, atribuídos por muitos a Baruc, seu secretário
3. Discursos em prosa, em número de 10, de autoria incerta, mas que muitos atribuem aos mesmos autores de Josué, Juízes, 1e 2 Samuel e 1 e 2 Reis, a chamada Obra Histórica Deuteronomista (OHDtr), possivelmente composta por levitas.
O que fez Jeremias no tempo de Josias?
No tempo de Josias, 10 período de sua atuação, Jeremias proclamou um julgamento contra Israel por causa de sua infidelidade a Iahweh e sua adesão a outros deuses, especialmente os deuses que garantiam a fertilidade da natureza, os chamados baalim.
O que fez Jeremias no tempo do rei Joaquim?
Quando Joaquim, de 25 anos de idade, assumiu a mando do faraó do Egito, o governo de Judá em 609 a.C., Jeremias rompeu, de vez, com as instituições do Estado.
Jeremias tornou-se, então, um ferrenho adversário da classe sacerdotal de Jerusalém, já que sob os desmandos do governo de Joaquim a reforma de seu pai Josias se perdeu totalmente, restando um culto superestimado como garantia da nação, conseqüência da centralização de todas as atividades religiosas no Templo de Jerusalém e na mão de seus sacerdotes.
Culto agora usado para mascarar os males sociais e os crimes contra o povo.
O que fez Jeremias em sua 1a intervenção na época de Joaquim?
Um violento discurso contra o Templo, que foi conservado em duas versões: Jr 7,1-15 (texto tipo C) e Jr 26,1-24 (texto tipo B). O primeiro destaca o conteúdo, o segundo as circunstâncias do discurso.
Entre setembro de 609 e abril de 608 a.C., talvez durante uma festa, Jeremias coloca-se no pátio do Templo e denuncia a confiança da população judaíta no Templo de Iahweh como falsa e promete a destruição do santuário, tal qual outrora acontecerá com Silo.
A morte de Josias em combate contra o faraó, o curto governo de seu filho Joacaz (3 meses), seu exílio, a dependência do Egito sob Joaquim: tudo isso criara um clima de incerteza e insegurança geral. O que faz o povo? Refugia-se na crença de que a presença de Iahweh no Templo garante a cidade e a sua liberdade.
Jeremias denuncia esta crença porque, segundo ele, só a aliança Iahweh-Israel poderia garantir o povo.
Mas esta não funcionava, pois nos tribunais não se praticava o direito, oprimiam-se o estrangeiro residente, o órfão e a viúva, condenava-se o inocente e, além disso, seguiam-se deuses estrangeiros.
O que acontece com Jeremias?
Conta-nos Jr 26,1-24 que Jeremias quase morre por fazer tal denúncia.
Aos olhos do pessoal do Templo, como sacerdotes e profetas, Jeremias cometera duas blasfêmias:
falara em nome de Iahweh e falara contra a casa de Iahweh.
Perante o tribunal a que é levado, ele, porém, confirma suas palavras e só não morre porque alguém se lembrou do profeta Miquéias, que, um século antes, pregara destino parecido para o Templo e para a cidade e nada sofrera.
Jeremias fala sobre o governo de Joaquim
Denuncia o governo de Joaquim como ganancioso, assassino e violento, segundo Jr 22,13-19, um dos mais duros oráculos proféticos já pronunciados contra um rei. Jeremias compara Joaquim ao seu pai Josias e denuncia o rei como antijavista, pois não cumpre sua função real de exercer a justiça e o direito e de proteger os mais fracos.
No começo de seu governo, Joaquim preocupa-se em construir um novo palácio ou um anexo ao antigo exatamente no momento em que a crise econômica se agravava. Dependente do Egito, a quem pagava tributo, colocou a população para trabalhar de graça na construção.
Jeremias vai dizer ao rei que ele, quando morrer, nem merece ser sepultado, mas como um jumento deverá ser jogado para fora das muralhas de Jerusalém, pois, ao contrário de seu pai, Joaquim "não conhece Iahweh".
"inimigo que vem do norte".
Embora haja várias possibilidades de identificação desse inimigo, muitos comentaristas pensam que Jeremias está falando de Nabucodonosor, o rei babilônico, que invade regiões da Palestina em 605/604 a.C., trazendo o terror da guerra para as fronteiras de Judá.
A ruptura da aliança.
Em Judá, Jeremias só vê rebeldia contra Iahweh, levando o povo a maldades e crimes sem conta.
Não há o mínimo "conhecimento de Deus", que só é possível através da prática do direito, da justiça, da solidariedade.
Os poderosos tramam sistematicamente contra o povo, todos buscam desesperadamente a riqueza e não há paz.
A mentira domina, desde o ensinamento dos profetas à lei dos sacerdotes, levando o país ao caos.
Todos se tornam inimigos de todos.
Impera a idolatria.
O fim será trágico, segundo os capítulos 8 e 9 de Jeremias.
Percorrendo as ruas de Jerusalém, Jeremias constata a ausência do direito e da verdade entre as pessoas comuns (Jr 5,1), mas maior corrupção encontra entre os grandes e poderosos, que não agem mal por ignorância, senão por determinação consciente e persistente (Jr 5,4-5).
Quanto mais a crise nacional se aprofunda, mais os líderes se recusam a encontrar soluções.
Só procuram satisfazer seus interesses imediatos e deixam o país afundar:
"Eles cuidam da ferida do meu povo superficialmente, dizendo:
Paz!
Paz!, quando não há paz", diz Jr 6,14.
Por que Jeremias foi proibido de entrar no Templo?
Porque, segundo Jr 19,14-20,6, possivelmente por volta de 605 a.C., quando Nabucodonosor venceu o faraó Necao II e ameaçou Judá, o profeta foi ao pátio do Templo e anunciou a destruição de Jerusalém.
Acabou preso por Fassur, chefe da guarda do Templo, surrado e colocado no tronco por uma noite.
Depois disso, foi-lhe proibida, segundo Jr 36,5, a entrada no Templo.
Sem poder ir até o povo, o que faz Jeremias?
Convoca o escriba Baruc e dita-lhe os oráculos de julgamento contra a nação.
Este episódio da primeira escrita do livro, narrado em Jr 36,1-32, aconteceu no quarto ano do governo de Joaquim,em 605 a.C.
No ano seguinte, em dezembro de 604 a.C. Jeremias manda Baruc ler o livro (= rolo) no Templo.
O momento é dramático:
Nabucodonosor atacava, então, a cidade filistéia de Ascalon, vizinha de Judá.
Por isso, talvez, Jeremias, tenha acreditado ter soado a hora da verdade para Judá. O "inimigo do norte" está às portas.
Ou conversão ou destruição, alerta o profeta.
O que fez Joaquim ao tomar conhecimento do manuscrito?
Queimou-o e mandou prender Jeremias e Baruc, segundo Jr 36, 21-26.
A leitura feita por Baruc no Templo foi ouvida por membros do governo de Joaquim que não apoiavam as suas atitudes.
Na esperança de convencer o rei a mudar sua política, levaram o manuscrito até Joaquim, que o ouviu mas não se convenceu.
Jeremias e Baruc, bem escondidos, não foram achados.
Após algum tempo, Jeremias, que não é de desistir, manda que Baruc escreva tudo de novo e ainda acrescente ao livro outras palavras, diz Jr 36,27-32.
Todos os profetas da época pensavam como Jeremias?
De modo algum.
Acreditam alguns especialistas que talvez o fato mais desorientador para Jeremias nesta época era a análise errada da situação feita por pessoas que se apresentavam para falar em nome de Iahweh como seus profetas.
Por isso, em Jr 14,13-16 e Jr 23,13-40 podemos ver como Jeremias luta para desmascarar os falsos profetas que, falando em seu próprio interesse, "fortalecem as mãos dos perversos, para que ninguém se converta de sua maldade", que seduzem o povo com suas mentiras e seus enganos, roubando um do outro a palavra de Iahweh.
Jeremias conclui que dos profetas de Jerusalém saiu a impiedade para todo o país.
Qual o significado das "confissões" de Jeremias?
Mais do que "confissões", deveríamos falar aqui de diálogos com Iahweh, lamentos, orações, disputas.
Foi durante este período de sua vida, durante o governo de Joaquim, que Jeremias mais sentiu o peso de sua missão.
Obrigado a ser do contra, a pregar a desgraça para o seu povo, a remar contra a corrente, ameaçado, rejeitado, caluniado, desprezado, ele se lamenta, amaldiçoando até mesmo o dia em que nasceu.
São textos difíceis de ser datados com precisão.
É possível que tenham sido escritos em 605 a.C. como um desabafo, não como oráculos previamente ditos ao povo.
Talvez possam ser lidos como uma síntese das crises vividas pelo profeta desde o começo de sua atividade.
São 5 textos:
1a confissão: Jr 11,18-12,6
2a confissão: Jr 15,10-11.15-21
3a confissão: Jr 17,14-18
4a confissão: Jr 18,18-23
5a confissão: Jr 20,7-10.14-18
O que diz Jeremias em cada uma das cinco "confissões"?
Da primeira "confissão" já falamos na pergunta 5:
seus conterrâneos e familiares tentam matá-lo em Anatot,quando jovem.
Mas Jeremias amplia o problema, questionando porque persiste a prosperidade dos ímpios e a paz dos apóstatas.
Daqueles que vivem falando em Iahweh, mas na verdade estão muito longe dele. Daqueles que têm uma fachada de piedade, mas não estão, de fato, com Iahweh.
E Jeremias conclui que este é um problema para o qual ele não tem resposta...
Na segunda confissão a questão colocada por Jeremias é:
vale a pena ser profeta?
Jeremias confessa estar vivendo a suprema tentação profética, que é a vontade de se acomodar, de desistir, de aceitar a cooptação, de "ser normal", de passar para o lado daqueles a quem ele critica para sair da solidão a que é obrigado a viver.
Na terceira confissão Jeremias apela a Iahweh contra os seus perseguidores que lhe cobram a realização da palavra de Iahweh por ele pregada e o profeta não sabe mais o que fazer.
Jeremias se sente desacreditado perante seus ouvintes, porque as desgraças prometidas não acontecem.
Vive duramente pressionado.
Na quarta confissão Jeremias denuncia nova trama contra a sua vida.
Seus adversários argumentam que podem tranqüilamente eliminá-lo, já que o sacerdote, o sábio e o profeta (ligado aos interesses da corte) não lhes faltarão.
Com tristeza o profeta constata:
estes que querem eliminá-lo são os mesmos a quem ele tantas vezes defendeu diante de Iahweh...
Na quinta confissão, a mais dramática e a mais conhecida de todas, usando fortes imagens, Jeremias chega ao máximo de sua angústia.
Acredita que Iahweh o enganou:
o seduziu para ser profeta e o dominou, para depois abandoná-lo.
Agora todos querem sua queda, inclusive seus amigos.
Por isso, ele quer parar de ser profeta, mas o problema é que não consegue, pois as palavras de Iahweh queimam-no como fogo.
Fogo que atinge até os ossos.
Então, Jeremias amaldiçoa o dia em que nasceu:
"Maldito o dia em que eu nasci!
Maldito o homem que deu a meu pai a boa nova:
Nasceu-te um filho homem!porque ele não me matou desde o seio materno, para que minha mãe fosse para mim o meu sepulcro e suas entranhas estivessem grávidas para sempre.
Por que saí do seio materno para ver trabalhos e penas e terminar os meus dias na vergonha?".
E o que aconteceu com o rei Joaquim?
Em 600 a.C. Nabucodonosor tentou invadir o Egito e não conseguiu.
Joaquim rebelou-se e morreu em dezembro de 598 a.C., provavelmente assassinado, enquanto os babilônios marchavam para tomar Jerusalém.
Seu filho Joaquin, de 18 anos de idade, o substituiu, mas capitulou 3 meses depois, no dia 16 de março de 597 a.C. O rei foi deportado para a Babilônia com a corte e a classe dirigente.
No seu lugar, os babilônios deixaram seu tio, outro filho de Josias, de nome Sedecias, então com 21 anos de idade, para dirigir um Judá todo arruinado.
Com várias cidades destruídas e com a economia do país desorganizada, pouco restava ao fraco Sedecias que pudesse ser feito.
O que fez Jeremias neste 30 período, sob o governo de Sedecias?
Jeremias começa criticando as pretensões do novo governo através da visão dos dois cestos de figos de Jr 24,1-10.
Segundo o profeta, os exilados correspondem a figos bons, enquanto o atual governo se parece com figos estragados.
É possível que o novo governo, instalado no poder sob Sedecias, se afirmasse como a solução para o país, já que os "maus", os governantes anteriores, tinham sido exilados, pagando por seus crimes.
Jeremias é de opinião contrária.
Para ele o problema continua.
Nada fora resolvido e a sombra do Templo não garantirá ninguém.
Jeremias escreveu uma carta aos exilados?
Sim.
Ainda nos primeiros anos do governo de Sedecias Jeremias escreveu aos exilados de 597 a.C., segundo Jr 29,1-23.
Ele tenta desfazer as ilusões alimentadas por falsos profetas, durante convulsões sociais acontecidas no império babilônico, de que o exílio estava para acabar. Segundo Jeremias, os exilados devem aprender a viver tranqüilamente entre os babilônios, pois o exílio será longo.
O que pensa Jeremias de uma rebelião contra a Babilônia?
Em Jr 27,1-22 e Jr 28,1-17 ele se opõe radicalmente a tal aventura incitada em Jerusalém pelos pequenos reinos da Síria-Palestina que se encontravam na mesma situação de Judá.
Colocando um jugo (= haste apoiada no pescoço e ombros para transportar carga) sobre o próprio pescoço, Jeremias simboliza o domínio babilônico a que estavam submetidos (Jr 27,2-3). Confrontando-se com o profeta Hananias, que, ao quebrar o jugo de Jeremias, simbolicamente prega a necessidade da rebelião e a libertação fácil, Jeremias consegue convencer o governo a se manter quieto.
O que disse Jeremias a Sedecias quando Jerusalém foi sitiada?
Quando Jerusalém foi cercada pelas tropas babilônicas em janeiro de 587 a.C., Jeremias disse ao rei Sedecias que a vitória de Nabucodonosor era inevitável, pois Iahweh entregara a cidade nas mãos do inimigo, já que não houve conversão (Jr 34,1-7).
Por que Jeremias é preso nesta época?
Porque, segundo Jr 37,11-16, ele tentou sair da cidade para ir a Anatot tomar posse de um campo que comprara de um primo. Como o Egito enviara um exército para ajudar Jerusalém, os babilônios tinham levantado temporariamente o cerco da cidade para enfrentá-lo. É nesta ocasião que Jeremias é acusado por oficiais do exército de passar para o lado dos babilônios, é preso e jogado numa cisterna de captação de água, onde quase morre.
Já segundo Jr 38,1-13, Jeremias é preso, acusado de traição pelos nobres, ministros de Sedecias, porque estaria exortando o povo à rendição.
É provável que temos aqui dois relatos diferentes do mesmo episódio.
Mas há alguma mensagem de esperança em Jeremias?
"Para arrancar e para destruir":
esta foi a principal missão de Jeremias.
Mas também para "construir e para plantar", como diz Jr 1,10.
Na verdade, espalhados pelo livro de Jeremias, encontramos poucos textos que manifestam alguma esperança.
Jr 31,31-34, o famoso texto que fala da nova aliança, é um destes.
Em geral, sua autenticidade tem sido contestada.
Argumenta-se, por exemplo, que Jeremias nunca chegou a tais alturas teológicas, porque o texto é perfeito, completo e assim por diante. Porém, alguns pensam que Jeremias pode ter tido tal idéia no começo de sua pregação e a aplicado ao reino do norte, tendo depois, nestes últimos dias, adaptado a fala a Judá.
Claro que o texto final, redigido em prosa, tem a mão de algum redator posterior, talvez deuteronomista.
Mas isto não é suficiente para negar a paternidade da idéia a Jeremias.
O que diz Jr 31,31-34?
Faz uma contraposição entre a antiga aliança, feita após o êxodo, e a nova aliança, a ser feita no futuro.
Enquanto a antiga aliança precisava de intermediários, a nova não precisará, pois a lei será colocada no íntimo (= coração, seio) do povo de Israel.
Se a antiga aliança foi rompida pelos pais de Israel, a nova não o será jamais, porque haverá perfeita sintonia entre Iahweh e Israel.
O objetivo desta nova aliança:
conhecer Iahweh.
É o repetido tema do conhecimento de Iahweh que aqui volta.
É um tema da maior importância e explica muitas das atitudes e palavras de Jeremias.
Jeremias chegou mais perto do que ninguém da compreensão do verdadeiro problema de Israel de sua época, que era a estrutura tributária do Estado.
Sua rejeição de instituições como o Templo e seu aparelho cultual ou a corte e sua administração é, na verdade, a denúncia dos aparelhos do Estado tributário como antijavistas e perniciosos para o povo.
A proclamação de uma nova aliança, onde o javismo não precisaria de mediações para ser vivido, é a radicalização utópica de sua pregação.
É o sonho de Jeremias.
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