6 de nov. de 2009

Como Evangelizar o Mundo Sem Fazer Nada III

Bonar chama o ato de “orar pouco” e ser carente de momentos a sós com Deus de
“sistema falho, miserável e anti-bíblico”.
O ativismo da vida cristã muitas vezes é uma armadilha que enfraquece a santidade pessoal.
O autor lembra que Cristo levantava-se de madrugada e se dirigia para um lugar solitário.
Quão diferente somos do nosso Mestre, principalmente nos dias atuais, tão corridos! “Devoção é a vida da religião, a alma da piedade, a mais sublime aplicação da graça”, disse o Bispo Hall.
Quantas vezes o serviço devocional numa igreja é antecedido por três minutos de oração e só!
Não há preparação, e então nos tornamos fracos!
“Comunhão com Deus”, “andar com Deus”, parecem palavras batidas e vícios de
linguagens dos evangélicos, mas na prática tais atos trazem uma profunda transformação e capacitação para a vida cristã.
Nada mais será útil sem andar com Deus.
Como enfatiza Bonar: “Nem ortodoxia, nem erudição, nem eloqüência, nem poder de argumentação, nem zelo e nem fervor. É uma vida íntima com Deus que dá poder às nossas palavras…”
“Nosso poder para atrair homens a Cristo brota principalmente da plenitude do nosso
regozijo pessoal nEle, e da proximidade da nossa comunhão com Ele.
” Em outras palavras, a humanidade decaída está ofuscada pelas luzes do mundo, e nada menos que um semblante que reflete Cristo e reluz graça pode atrair e conquistar as almas perdidas.
Leia com atenção as palavras de nosso irmão: “A nossa posição é tal que não nos
permite uma neutralidade.
A nossa vida não pode ficar numa obscuridade inofensiva.
Ou nós repelimos ou atraímos, salvamos ou arruinamos vidas!
Quão altissonante então, a chamada; quão forte, o motivo para uma vida de espiritualidade! Quão solene o aviso contra o mundanismo e a vaidade, contra a leviandade e a futilidade, contra a negligência, preguiça e contra um formalismo gélido”.
Ser instrumento para salvar vidas é algo maravilhoso, mas não virá a ser eficaz com os nossos braços e pernas cruzados!
Deus não nos chamará de servo bom e fiel pela quantidade de tinta gasta nos livros
de atas da igreja, mas pela motivação dos nossos atos e pelo caminhar com Ele. Senhor dános corações abrasados; sabedoria para “ganhar almas”; vigor para proclamar as Boas Novas; audácia para avisar os ouvintes para fugirem da ira vindoura!
Que Deus conceda através desta leitura uma auto-avaliação séria e profunda, como exortou Bonar: “Se é que há um momento para uma introspecção profunda e um reconhecimento honesto da nossa infidelidade, esse momento vem quando Deus está nos visitando, e é AGORA.” Isto me
faz suspirar, caro leitor.
Triste coisa é saber que pregamos discursos admirados e elogiados, mas tais não
foram usados pelo Espírito Santo e, portanto, não significaram nada de produtivo para o Reino.
Ó Senhor, fere a nossa consciência para que sejamos realmente pessoas piedosas e
de oração.
Como anda a sua temperatura espiritual quando se depara com as almas perdidas?
O quanto tem se importado?
O quanto tem chorado?
Podemos dizer olhando no espelho
que vivemos unicamente para a glória de Deus e para a salvação de almas?
Pelo menos, tais questionamentos causam temor ou são irrelevantes?
“Oh”, como clamou Bonar, “por apenas um dia de Whitefield outra vez!”.
Este é o seu desejo?
Não há como evangelizar o mundo sem fazer nada.
Você até pode dizer que crê piamente na soberania de Deus, e que Ele é quem faz toda obra e trará todos os seus eleitos; que não precisa de ninguém para realizar sua obra de salvação.
De certa forma, se você pensa assim, está certo.
Mas submeter-se à soberania de Deus requer atitudes sacrificiais.
Nosso modelo é Cristo, e em tudo Ele se submeteu ao Pai.
Submissão à soberania de Deus implica em renúncia da própria vontade, e tal renúncia só acontece através das provações.
E renúncia e sacrifício são as palavras que a igreja hedonista menos quer ouvir e praticar.
Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Lucas 12:34).
Oh, Senhor, que não sejamos moralistas religiosos limitados às formalidades e
deveres, sem ir além disso!
Dá-nos a graça!
É muito interessante um raciocínio desenvolvido após a leitura parcial deste livro de
Bonar: se o nosso coração pode ficar indiferente à salvação de nossas próprias almas (e muitas vezes é isto que acontece!), o que diremos da salvação de outras pessoas?
Terrível coisa é um coração indiferente à salvação das almas!
Isto me faz repensar todo o meu cristianismo.
Irmãos e irmãs, reflitam seriamente nas palavras do autor: “Aquele que salvou as
nossas almas nos ensinou a chorar pelos que ainda estão perdidos.
Senhor, faça com que a nossa mente seja igual à Tua: ponha em nossos olhos as Tuas lágrimas, porque os nossos corações estão endurecidos; porque embora vejamos milhares de pessoas que perecem ao nosso redor, nós ainda conseguimos dormir bem durante a noite,sem que a visão do terrível final que os aguarda nos alarme, e sem que o choro dessas vidas transforme a nossa paz em amargura”.
Senhor, tenha misericórdia de nós!
“Que mistério é este!
A alma e a eternidade de um homem dependem da voz de outro homem!”.

Nenhum comentário: