24 de mar. de 2010

Parte 3

Falar sobre amizade no relacionamento conjugal foi mais complicado.
Falar sobre relacionamento sexual, depois de tudo, é um pouco menos complicado.
No título acima, o termo "amante" não significa "pessoa que mantém um amor", tipo "ó amante de minh´alma, tu és tudo para mim".
É amante no sentido de pessoa que mantém um relacionamento sexual, que tem um parceiro sexual.
Rubem Alves, em seu livro "O que é religião" (Editora Brasiliense, Coleção Primeiros Passos), fala da reificação das pessoas.
Res em latim significa coisa.
Daí a palavra res+publica = a coisa do povo.
Reificação de pessoas é a sua coisificação.
As pessoas perdem alma, sentimentos, emoções, sonhos, aspirações... identidade... passam a ser apenas rostos, pernas, seios, bumbuns, tórax, bíceps e tríceps... objetos.
Objetos dos desejos.
Recentemente eu vi uma propaganda da revista masculina playboy nas bancas.
Era uma mulher nua, com os dizeres:
"Garçom, me traz uma dessas".
Que dizer, o sujeito pede uma mulher do mesmo modo que pede uma cerveja ou um petisco, um prato de comida.
Não está preocupado pode tornar aquela mulher feliz, se pode satisfazer suas necessidades, ajudá-la a alcançar seus objetivos e resolver seus problemas, vencer seus fantasmas.
Está preocupado apenas e tão somente em satisfazer seus desejos mórbidos, descarregar suas energias eróticas, fruir e usufruir daquela mulheres.
Usá-la e satisfazer-se com ela.
Diversão.
Apenas isso.
As mulheres, por outro lado, não estão em melhor condição quando suspiram por um homem e deixam escapar:
"que pedaço de mau caminho..." Não estão, igualmente preocupadas se podem tornar aquele homem feliz, satisfazer suas necessidades, ajudá-lo a resolver seus problemas.
Estão igualmente, preocupadas em satisfazer seus desejos mórbidos, descarregar suas energias eróticas, fruir e usufruir daquele homem.
Usá-lo e satisfazer-se com ele.
Para ambos, nestes casos, se preocupam apenas com o prazer que podem obter e não no prazer que podem proporcionar.
Para as mulheres mais românticas (a maioria absoluta), o sonho pode ser um marido ideal, perfeito.
Um homem robusto, forte, firme, corajoso, fiel, delicado, dedicado, solícito, carinhoso, rico, humilde, um atleta sexual, preocupado com sua silhueta (leia-se "barriga"), que a defenda contra tudo e contra todos, especialmente quando está errada.
Com tudo isto, nem precisa ser bonito.
Se for, melhor ainda.
Aliás, as mulheres tendem pensar que podem mudar a personalidade de um homem.
Que depois do casamento, conseguirão transformar o mais vagabundo dos mulherengos em tudo isto que foi colocado aí em cima...
Partindo-se do princípio de que amar é dar maior importância à felicidade da pessoa amada do que à própria felicidade, os amantes (parceiros na relação sexual) devem se preocupar mais com dar e proporcionar prazer do que desfrutar dele.
E isto deve ser um propósito recíproco:
ambos devem pensar e agir assim.
E aqui vai um alerta importante:
uma grande parte das mulheres (inclusive dentro das igrejas) mente.
Finge que está tendo e usufruindo de um prazer que não existe, somente para não magoar, ou não perder o marido.
Maiores detalhes somente pessoalmente.
Aí pode ser que você me pergunte como é que eu sei de tudo isto.
Porque há padrões de comportamento.
A maioria dos seres humanos age tal e qual a maioria dos seres humanos age.
E nós formulamos nossas teorias, nossas teses e nossas leis, de acordo com a maioria, e não de acordo com as exceções.
O que eu digo aqui não pode e nem deve ser tomado como algo absoluto, uma regra imutável, mas como uma referência, uma linha de raciocínio.
Amantes que não são amigos agem tal e qual homens e mulheres que se prostituem, e homens e mulheres que procuram esses outros que se prostituem:
de um lado, interessados apenas no prazer que podem obter, na satisfação dos próprios desejos.
De outro, fingem que estão tendo prazer, e se preocupam em proporcionar prazer para criar uma dependência, um vínculo que os faça serem procurados uma próxima vez.
Infelizmente, muito embora não existam estatísticas, temo que uma boa parte (leia: a maioria) dos casais do mundo, inclusive dentro de nossas igrejas, são apenas amantes, mas não amigos.
Às vezes... nem isso.
Os amantes devem ter entre si um relacionamento sexual sadio, saudável, frutífero e... prazeroso.
Se assim não for, não são amantes.
Estão se prostituindo, se sujeitando a um relacionamento sexual para não perder o casamento, e não por prazer.
Para fechar o presente, somente uma pergunta cuja resposta, mais um vez, revela a gravidade da pergunta:
você tem um relacionamento sadio, saudável, frutífero e prazeroso com seu cônjuge?


Autor: Takayoshi Katagiri

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