22 de mar. de 2010

Mulheres Solitárias

Enfrentando a realidade amarga da solidão podem estar vivendo as viúvas, as abandonadas, as desquitadas, as divorciadas e as solteiras com idade avançada. Embora com realidades diferentes, a sua situação pode ser muito semelhante.
Na experiência das viúvas, o fenômeno mais marcante na sua vida é a saudade.
Nessas horas, mesmo aquele marido que a fez sofrer, ganha uma fisionomia de herói e os piores momentos são sepultados com ele.
Os grandes momentos são lembrados e o pigmeu torna-se Golias.
Com a saudade surge tantas vezes a carência.
E esse é um problema que atinge mais as viúvas novas.
O marido se foi; a cama vazia não tem mais aquele pé enroscado no seu de madrugada. O cheiro do travesseiro já se foi, foi lavado.
Com a carência surge a insegurança.
A educação dos filhos, as contas de água, luz e do gás, que ficam por pagar.
E há também outros fatores ameaçadores que alarmam a mulher só.
E a tudo isto, ela ainda tem a auto-piedade:
“Pobre de mim”!
Isto só me acontece comigo!
Que vou fazer agora?

As abandonadas são aquelas que foram deixadas pelos maridos.
O marido sai de casa para viver com outra pessoa, ou pior ainda:
volta à casa dos pais!
Quando sai para viver com outra pessoa, pelo menos, ainda que má, a mulher fica com uma justificação.
Mas, quando sai para viver com ninguém, significa que ninguém para ele é melhor que viver com a esposa.
As mulheres abandonadas são as viúvas sem dignidade, porque a viúva tem a certeza de não ser culpada.
Ele não está comigo porque morreu, senão estaria comigo!
Mas a abandonada não pode dizer isso.
E, nestes casos, o que acontece com elas é que o “amor próprio” fica extremamente golpeado, e surge o ódio, a revolta, e a carência vem à toda de forma descontrolada.

A divorciada!
A divorciada é psicologicamente como uma solteira, mas com a memória marcada de traumas e cheia de temores.
É alguém com uma história amarga para contar.
É uma mulher desiludida, marcada, complexada, apavorada e temerosa.
Desacreditada de toda a possibilidade de felicidade é como uma “solteira” machucada.
A solteira de idade avançada como é comum dizer-se:
solteirona!
É uma mulher que pode viver frustrada porque a sua experiência nunca passou de uma expectativa, de um sonho, de imagens construídas na sua mente e coração, de planos, ilusões e de alguma fantasia.
Por vezes, com algumas tentativas fracassadas de amor pelo meio.
Ela tem pensamentos a respeito da vocação de mãe e de esposa que gostaria de ser. Talvez tenha até algumas peças de enxoval, que reuniu com carinho durante anos, e do qual não sabe o que fazer.
E destas experiências surge o sentimento de desânimo:
desânimo pela sua vida, desânimo pela sua fé, desanimo por tudo... o que pode levá-la a atitudes precipitadas, como procurar no mundo o homem que sempre procurou na igreja e nunca encontrou.
A precipitação é uma consequência de não continuar a esperar no Senhor.
É o pior erro que uma mulher solteira pode cometer.
Em primeiro lugar, a questão básica agora é como sarar as feridas?
Porque todas estas experiências geram marcas, provocam dores, em algumas pessoas criam ódio, noutras desconfiança, noutras mágoas, noutras complexos, e ainda noutras a auto-imagem fica reduzida a nada.
Muitas pensam que a vida lhes boicotou a felicidade, abandonando-as.

Na Palavra de Deus podemos observar algumas mulheres que tiveram este tipo de experiência.
Vejamos no Livro de Rute, capítulo 1, versículo 20, o que Noemi disse em Belém: «chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso».
E no versículo 13 às suas duas noras:
“Mais amargo me é a mim do que a vós mesmas, porquanto a mão do Senhor se descarregou contra mim».
Este é o resultado psicológico da viuvez, da ausência do companheiro, mesmo na vida dos personagens bíblicos mais brilhantes, porque o ser humano é ser humano em qualquer lugar e em qualquer época.
Por outro lado, na Bíblia há também a história de mulheres cuja reação a essas situações as tornou hoje um digno exemplo.
­Rute é o exemplo da viúva nova, como Noemi é exemplo da viúva idosa.
Em ambos os casos há atitudes diferentes a serem nutridas dentro das mulheres.
Diz a Escritura que o casamento de Ruth tinha durado dez anos.
E dez anos de casamento é ainda lua-de-mel.
O casamento está na sua adolescência.
Mas ele morre!
Nesta situação ela não baixa os braços.
Assim como Rute, o que você pode fazer para enfrentar a sua solidão?

1º Fortaleça suas amizades
Uma amizade precisa ser constantemente cultivada, todos os dias.
Amigos verdadeiros são um tesouro para nós.
Não se isole.
Com sua fé, Rute está disposta a mudar geograficamente se houver necessidade, e a primeira coisa que fez foi fortalecer as velhas amizades.
Não se isolou, não vai viver de memórias e de lugares.
Nos versículos 16 e 17 sua sogra lhe diz para voltar para os seus.
Mas ela responde:
«onde quer que tu fores, eu irei!»
Estas palavras têm sido usadas em casamentos, para a mulher dizer ao marido e vice-versa.
No entanto, elas foram ditas da nora para a sogra.
Que exemplo notável temos nós aqui de relacionamento sogra/nora!
A pior coisa que pode acontecer é a mulher pensar que com a falta de marido a vida acabou para ela.
Rute não pensa assim!

2º Procure fazer coisas úteis

Rute procura ocupação.
Não deixa que a sua mente se transforme num baú de velhas memórias.
Ela transforma sua mente numa oficina de coisas novas, ela vai à luta, não fica consumida entre lembranças e histórias do marido em casa.
Ela disse a sua sogra:
«deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas...»

3º Espere por uma restauração de Deus na sua vida - Tendo oportunidade, Rute casou.

A mulher sozinha, que espera no Senhor, pode ter o seu mal transformado num bem maior que teria na situação anterior.
Ela soube esperar no Senhor, e casou (I Cor. 7:39).
E não foi um casamento qualquer.
O maior momento da sua história começou ali.
Ela mesmo gentia, veio a ser bisavó de Davi, o maior rei de Israel e mãe pela ascendência do Messias de Israel
(Mat. 1:5-6).

Noemi é o exemplo da viúva idosa.
E, além daquilo que foi dito para as viúvas novas, que poderá ser aplicado pontualmente às mais idosas, podemos ainda referir mais o seguinte:
em primeiro lugar ela pensa em sobreviver.
No capítulo 1, verso 6, ela diz:
«Então se levantou ela com suas noras, e voltou dos campos de Moabe, porquanto ouvira que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão».
Algumas viúvas suicidam-se psicologicamente e isolam-se.
Noemi não, acha que «sobreviver é preciso!»
Vale lembrar aqui que tem gente que se mata sem morrer de fato.
Ela está fisicamente viva, porém já morreu para os seus sonhos, seus projetos, suas realizações.
Sobreviva.

Depois, ela não se torna dependente de ninguém.
Amizade é uma coisa, dependência é outra.
Nos versos 8 e 9, ela diz a sua noras:
«ide às vossas terras, cada uma case e tenha marido... e sede felizes...!»
Será que a maioria das sogras diria isto às suas noras, em circunstâncias iguais? Provavelmente diria:
«não vão embora; lembrai-vos que foram mulheres dos meus filhos, e têm que me ajudar...!»
E se elas procurassem marido, eram logo acusadas das piores coisas.
Noemi tinha a felicidade em potencial no coração.
Era uma idosa que não se tinha cansado de sonhar com o amor.
Ela não casa de novo, mas admite que outros façam isso.
Não se deixa influenciar e dominar por aquela maneira de ser característica de algumas pessoas que dizem "Não dá para mim, não dá para os outros".
Pelo contrário, ela procura ajudar as mais novas (vers. 9, 11, 12).
E com isso a sua vida se perpetuava na vida da sua nora, cujo filho lhe viria suscitar o nome da sua família, conforme rezava a Lei (4:5).
Ela mesma criou o filho de Rute (4:16), tornando-se útil na sua família.
Relativamente às solteiras, o Senhor fala das que o são por vocação (nascença), outras por obrigação, e ainda outras por opção (Mt 19:12).
Em qualquer caso, nunca devemos perder a consciência de que «quer vivamos, quer morramos, somos do Senhor» (Rm 14:8).
E este é o fato mais sublime que podemos ter e imaginar.
Por isso, não podemos limitar a nossa vida a esse tipo de experiências que não passam de humanas e sociais com o próprio Senhor, que «é mais sublime que os céus» (Hb 7:26).
Disse Elcana a sua mulher:
«não sou eu melhor que dez filhos?»
(I Sam. 1:8).
Ao que poderíamos adaptar e dizer:
“não é o Senhor melhor que qualquer marido?”
E, se for caso de mulher viúva, e enviuvar dez vezes, não é o Senhor melhor que todos eles?
Vivendo de acordo com a vocação humana, isso dá-nos uma certa felicidade humana.
No entanto, ela será sempre incerta e inconstante, em função com as circunstâncias da vida (I Co 7:24-28).
Mas, a plenitude da felicidade está em vivermos de acordo com a vocação espiritual (Idem, 7:8).
E, não podemos perder de vista esta realidade: «disponíveis para o Senhor, sendo úteis na Sua obra.»
E, assim, tal como o Senhor disse, do ponto de vista humano, quando criou o homem, macho e fêmea, que era «muito bom» (Gn. 1:31), agora nos diz, do ponto de vista espiritual:
o que não se casa, faz melhor!
(I Co 7:38).

Conclusão:

O balanço da vida não deve ser feito no seu início, ou no meio, mas no fim.
E, para qualquer situação de vida da mulher casada, da desquitada, da abandonada, divorciada, viúva idosa ou nova, da mãe solteira, ou da solteira de idade avançada, aqui há um projeto de vida fantástico.
Seja você quem for, é para isso que Deus a está chamando.
Para a construção de uma coisa digna, sadia, responsável.
Viva esse momento da melhor forma e esteja atenta para a voz do Espírito Santo, com coragem, temor do Senhor e esperança!
Queremos observar algumas diretrizes que podem auxiliar as pessoas sozinhas a dar conteúdo, alegria e sentido as suas vidas.

1. Aceite a situação em que você se encontra.
Não porque não tem outro jeito.
Mas porque podemos confiar que Deus, na sua sabedoria e amor, nos indica exatamente o lugar que Ele tem de melhor para nós.

2. Cuidado com a auto-compaixão e a amargura

Estes são dois dos perigos maiores que rondam os solteiros.
Auto-compaixão é mortal, porque esta não coloca o Senhor, e o nosso próximo no centro das nossas vidas, mas a nós mesmos.
Amargura azeda a própria vida e é contagiante.
A amargura contamina.
Ninguém consegue amar verdadeiramente uma pessoa que é amargurada e egocêntrica.

3. Ame-se
O Senhor Jesus amou tanto a mim e a você, que Ele deu a vida por nós.
Como nós podemos nos subestimar, se Ele nos dá tanta importância?
Cristo nos manda amar o próximo como a nós mesmo.
(Mat.22:39) isso significa que somente podemos amar o outro se vivemos em harmonia conosco mesmo.
Amar-se a sim mesmo não significa procurar desculpar suas características negativas. Significa que nós nos aceitamos, como Cristo nos aceita.
Como somos, e o que somos.
Incluindo o nosso físico e caráter.

4. Pense nas vantagens tudo tem vantagens e desvantagens.
Aproveite o lado bom de ser solteira.
Uma mulher solteira tem mais facilidades de se desenvolver, se educar, seguir vocações do que uma mulher casada (pense em mães com filhos pequenos).
Há mais tempo para amigos, para hobbies, viagens, etc.
Aproveitar essas possibilidades não é ser egoísta, mas ter um coração grato pelas compensações que Deus oferece.

5. Desenvolva amizades e bons relacionamentos.
Nenhuma pessoa consegue viver sem amizade.
Receber amizade implica também dar amizade.
O Senhor Jesus agiu assim.
Isso gasta tempo e esforço.

6. Procure um trabalho adequado.

O trabalho é uma das maiores bênçãos que o Criador deu à humanidade.
A ordem ao trabalho já achamos na primeira página da Bíblia.
Depois é repetido de formas variadas.
O sentimento de dar uma cooperação valiosa à sociedade é muito gratificante.
Isso é especialmente verdade para o solteiro.
Até uma fase de desemprego pode ser usada de forma útil, estudando ou aprendendo algo.
Um desenvolvimento contínuo é a melhor preparação para a vida, independente se você vai se casar ou não.

7. Doe-se a si mesma.
A pessoa mais sábia que viveu foi Salomão.
Ele disse em Prov. 11:24,25:
“A quem dá liberalmente ainda se lhe acrescenta mais e mais; ao que retém mais do que é justo, ser-lhe-á em pura perda.
A alma generosa prosperará e quem dará a beber será dessedentado.”
Se dar à outros é o melhor remédio contra a solidão.
Muitas vezes se recebe mais, do que se doa.
Uma visita, um telefonema, levar um buquê de flores, pode fazer milagres.
(Me lembro quando fazia visitas aos asilos. Quantos idosos ali, sem ter nada o que fazer ou com quem conversar.
Já teve essa experiência?
Tire algumas horas de uma tarde qualquer e vá visitar um asilo, converse com aquelas pessoas e dê a elas um pouco de atenção e carinho.
Depois veja como você vai sair daquele lugar diferente de como chegou).

8. Sirva o Senhor Jesus Cristo.
Paulo aponta em 1 Co 7 para a maneira como o solteiro pode se “dedicar à causa do Senhor” (vs. 32-25) Isso não é um consolo barato, mas necessidade.
Na igreja de Jesus Cristo a solteira é indispensável.
Há tarefas que somente a mulher solteira pode fazer; por razões diversas a mulher casada não pode executá-las.
Pense na necessidade das mulheres solteiras no campo missionário.
Às vezes trabalham em lugares onde homens não teriam acesso.
Cada mulher solteira, que procura seguir o seu caminho orando por direção do Senhor, achará um caminho em que pode desenvolver seus dons.

A Bíblia relata a história de uma mulher samaritana que foi ao poço para buscar água.
Lá estava Jesus, que disse a ela:
“Mulher, dá-me de beber.”
Então, eles começam a conversar e falar sobre água.
Porém, a mulher falava da água que mata a sede do corpo, enquanto Jesus falava da água que mata a sede da alma.
Então Jesus, conduzindo aquela conversa, leva a mulher a confessar sua agonia, a mostrar sua vergonha, a rasgar seu coração, dizendo
“Não tenho marido, sou só”.
Desde aquela época a mulher já vivia em busca de um companheiro, de um marido que a completasse, na medida de sua necessidade.
Na verdade, aquela mulher já estava no sexto marido.
Há, ela havia se empenhado tanto para evitar a solidão, mas a cada relacionamento quebrado, uma ferida maior era aberta no seu coração, porque ninguém começa um relacionamento achando que não vai dar certo.
Se essa mulher não tivesse encontrado Jesus, ela continuaria nessa busca louca por alguém que resolvesse o seu problema de solidão.
Você já parou para pensar que Jesus não expulsou nenhum demônio de pomba gira dessa mulher com 6 maridos?
O Senhor Jesus olhou para ela e viu um coração vazio que clamava por alguém especial que estivesse sempre com ela.
Alguém que fosse companheiro, amigo, e que suprisse as suas necessidades.
Foi aí que Jesus deu a ela a revelação que curou a sua alma e mudou a sua vida.
Ele disse, em outras palavras:
“Eu tenho a água que sacia a sua sede.
Se beberes dessa água, nunca mais se sentirá sozinha, porque eu estarei sempre com você”.
Como é bom sabermos que mesmo quando nos sentimos sós, temos conosco Jeová-Shamá, que significa:
Deus sempre presente.
Se você está só, aproveite para aprofundar a sua consciência da presença de Deus. Foi Ele mesmo que disse: “Não é bom que o homem esteja só”. Mas Ele não disse: “Não é bom que o homem esteja solteiro”.
Uma pessoa pode estar casada e ser solitária.
A solidão é um chamado de Deus para que você se volte para Ele.
“Bendito é o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor”
(Jr 17:7).

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