Esta tarefa de personalizar a própria sexualidade, pondo-a ao serviço do amor, depara com a desordem que a natureza não treinada inclui.
O livro do Génesis narra em poucas palavras este choque entre o amor e a desorganização da sua afetividade.
O texto bíblico explica que, quando Deus criou os primeiros homens, para além de criá-los, elevou-os à vida sobrenatural e deu-lhes alguns dons sobrenaturais, entre outros, os da ciência e da integridade.
Quer dizer que, segundo o Génesis, Adão e Eva tinham todos os conhecimentos e toda a educação.
Sem necessidade de um processo de aprendizagem, Deus tinha-lhes dado essa "personalização" do corpo que necessitavam.
O seu corpo era um instrumento perfeito e uma expressão perfeita da sua alma.
E, por isso, a sua sexualidade era uma expressão perfeita da sua entrega e generosidade.
Viviam em perfeita amizade com Deus, no que se chama estado de graça habitual.
E essa generosidade a respeito de Deus, repercutia-se nas suas relações mútuas.
Tinham sido criados um para o outro, como pessoas capazes de entregar-se plenamente e assim se viam e experimentavam.
Não havia entre eles nada que os separasse, existiam um para o outro.
E cada um deles dava-se conta de que a entrega ao outro era caminho da entrega a Deus.
Por isso, continua a explicar a Bíblia, estavam nus e não sentiam vergonha.
Porque, para Adão, a nudez de Eva era expressão da entrega perfeita, da generosidade que impregnava toda a sua pessoa.
O carácter sexual do corpo era expressão da generosidade da sua alma.
E o mesmo acontecia com Eva a respeito de Adão.
Não cabia, na sua experiência, um modo de viver para o outro que separasse o corpo da pessoa.
O perfeito domínio e a total personalização do corpo, a integridade, união perfeita da corporalidade e da espiritualidade, fazia com que a sexualidade fosse perfeita expressão do amor pessoal.
Não tinha lugar o egoísmo.
Eram um para o outro e, assim, para Deus.
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