16 de abr. de 2010

O amor conjugal

A simples amizade com outro, por muito profunda que seja, não significa que uma pessoa lhe entregue toda a sua pessoa e a sua vida, a sua alma e o seu corpo.
Essa é a diferença entre a amizade e o amor conjugal entre homem e mulher.
A própria estrutura corporal e dos sexos expressa essa mútua referência:
o homem está capacitado, na alma e no corpo, para entregar-se inteiramente a uma mulher, e vice-versa.

Há três níveis que constituem o amor entre o homem e a mulher:

- A atracção física:
é o nível mais elementar, está sempre presente e é comum à natureza animal.
Isto só não basta para fundamentar o amor humano de verdade.
Neste nível, o outro pode ser também considerado como um simples objecto do apetite sexual.
Mais do que amar, isso seria usar o outro, como se fosse uma coisa.

O enamoramento afectivo :
é uma sintonia entre as maneiras de ser das duas pessoas, que faz com que gostem muito de estar juntos, que gostem de conhecer os detalhes da vida do outro, etc.
É já algo tipicamente humano.
É o começo do amor, ainda que não baste para um amor autêntico.
O enamoramento é um fenómeno espontâneo, não voluntário.
Uma pessoa não decide friamente enamorar-se de outra; uma pessoa, sem saber como, encontra-se enamorada.
E esse enamoramento deve-se aos aspectos positivos e agradáveis do outro; não tem em conta os seus defeitos.
Também pode suceder que uma pessoa goste mais do simples fato de "estar enamorado"
porque produz uma sensação de entusiasmo do que da própria pessoa de quem se enamora. Nesse caso o enamoramento estaria misturado com egoísmo.
Não seria verdadeiro amor.
Para ser estável, o enamoramento tem que passar ao terceiro e último nível.

O amor conjugal :
é muito mais que o enamoramento.
Não é só um processo espontâneo, mas transforma-se numa atitude voluntária, livremente assumida.
O amor que surgiu sem intervenção da vontade converte-se numa decisão livremente assumida de entregar-se ao outro, amando-o tal e como é e como será, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença.
Porque aceita a pessoa inteira, não apenas com as coisas boas que o enamoram, mas também com os defeitos que lhe desagradam.
E aceita-a como alguém que vai compartilhar e condicionar toda a sua vida.
Ama-a não por ser assim ou de outra forma, mas por si própria, a ela, sem mais, para sempre.
E entrega-se todo, entrega-se a si próprio, coração, corpo e vida inteira.

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