Uma vez que as condições ambientais, técnicas, culturais, estabelecem as leis próprias do pudor, define-se espontaneamente a fronteira entre o pudico e o impudico. E estabelece-se o limite natural da intimidade pessoal.
O vestuário tem a função de personalizar o corpo, de expressar a própria personalidade.
Por isso tem a função de estabelecer o grau de relação com uma determinada pessoa. Quando as leis do pudor estabeleceram o que define a intimidade corporal, estabelece-se uma união entre a intimidade pessoal e a intimidade corporal.
As duas caminham a par, porque a pessoa é ao mesmo tempo corpo e espírito.
Quando se entrega o corpo, entrega-se a própria pessoa.
E quando se abre a intimidade corporal, abre-se a intimidade pessoal.
Separar esses dois fatores produz uma ruptura interior da pessoa.
Como a pessoa é indissociavelmente corporal, para criar um espaço de intimidade espiritual, de riqueza interior pessoal, tem de se criar um espaço de intimidade corporal.
Todos os torturadores sabem que a nudez corporal é um modo muito eficaz de rebaixar e destruir a dignidade e a resistência interna das pessoas.
Quando uma pessoa não defende a sua própria intimidade corporal, isso significa que não tem uma intimidade pessoal a salvar.
A prostituição destrói o mais íntimo das pessoas, por isso provoca tanta pena ou tanta repugnância.
Quem entrega o corpo sem entregar a alma, prostitui-se.
Quem entrega a intimidade corporal sem entregar a intimidade pessoal, prostitui-se.
Por isso, a nudez, a abertura da intimidade corporal, deve estar sempre ligada à entrega mútua e total da própria pessoa, que se realiza no matrimónio.
A nudez é sinal de abandono e entrega plena, por isso tem de haver uma entrega mútua e para sempre; doutra forma, haveria prostituição por parte de um ou de outro.
Se a nudez não é expressão de uma entrega pessoal, então é porque essa pessoa se está apresentando perante os outros como simples objeto, com o seu inevitável valor sexual em primeiro plano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário