1 de mar. de 2010

Piercing e Tatuagens. Pecado, Possessão demoníaca ou Expressão Cultural?

A tatuagem, piercing, brincos e outras formas de alteração no corpo (body modification ou simplesmente body mod) estão cada vez mais comuns em nossos dias.
O que nos anos 90 era visto como atitude de rebeldia e tratado pela sociedade com reprovação e preconceito, é hoje visto em homens, mulheres, jovens e até mesmo em crianças e aceito pela sociedade com naturalidade como forma de adereço, assim como pulseiras, colares, etc.
A questão da aparência pessoal, é ainda hoje, um assunto de grande polêmica e discutido pela comunidade evangélica, que tratam do assunto com grandes controvérsias entre seus lideres deixando a maioria dos cristãos, principalmente os jovens, confusos sobre o assunto.
Antes de iniciar, devemos ter em mente que aparência pessoal é algo que muda com o tempo e o lugar e está diretamente ligada a cultura e aos fatos sociais de um grupo de pessoas.
A cultura é um conjunto de crenças, regras, manifestações artísticas, técnicas, tradições, ensinamentos e costumes produzidos e transmitidos no interior de uma sociedade.
Segundo o antropólogo Clyde Kluckholn (1905-1960), a cultura é “a vida total de um povo, a herança social que o indivíduo recebeu do seu grupo, ou pode ser considerada a parte do ambiente que o próprio homem criou.” Já para o antropólogo Bronislaw Malinovski (1884-1942) a cultura compreende “artefatos, bens, processos, técnicas, idéias, hábitos e valores herdados.”
Por ser um processo social, resultante da transmissão da aprendizagem que recebeu de seus antepassados e transmitidos a novas gerações, a cultura é também chamada de “herança social”.
Cada sociedade elabora a sua própria cultura que basicamente é formada por três elementos: Cosmovisão (a maneira como o povo vê o mundo), sistema de valores (o que é importante para aquele povo) e normas de conduta (o modo como o povo se comporta, e isso diz respeito tanto ao modo de se vestir, como a maneira de se relacionar com os outros, etc.) e são diferentes de acordo com esses elementos que a formam.
Arrotar em público após uma refeição é totalmente aceitável (e até louvável) em certas culturas, e repugnante em outras.
Uma mulher com os seios à mostra é normal em muitos países da África (onde a mesma mulher não pode exibir as pernas acima do tornozelo) enquanto que o mesmo é obsceno em outras partes do mundo.
Beijar na boca em público é normal aqui no Brasil, mas pode levar alguém à cadeia em certos países islâmicos.
Nestes mesmos países islâmicos, um homem não pode andar de mãos dadas com sua esposa, mas pode andar de mãos dadas com outro homem.
No Ocidente tal prática evoca idéias de homossexualismo.
E por aí vai.
Todas essas coisas são formas de expressão cultural.
Podem ser um insulto ou algo escandaloso para os de fora (que não fazem parte da cultura), mas não são necessariamente erradas para quem é daquela cultura.
O fato é que nenhuma cultura é totalmente igual à outra e nenhuma cultura está acima da outra.
João viu no céu povos de todas as tribos, raças, línguas e nações (grupos étnicos). Todas as culturas possuem elementos que precisam ser valorizados e outros que precisam ser transformados pelo Evangelho.
Sendo a aparência pessoal uma questão de expressão cultural, esta aparência também muda de acordo com a cultura.
Pinturas na face e no corpo estão presentes em diversas culturas.
Na Polinésia, os nativos usam a tatuagem para escrever sua história familiar no corpo.
A tatuagem e o piercing no umbigo eram comuns no Antigo Egito.
Alguns povos usam piercing, brincos e outras formas de alteração do corpo.
O fato é que o mundo está ficando pequeno.
Estamos nos tornando cada vez mais uma aldeia global.
Esta globalização faz com que certos costumes que antes só eram vistos em algumas culturas isoladas e lugares remotos da terra, comecem a se tornar moda em todo o mundo.
Grande parte dos lideres evangélicos condena o uso de piercing e tatuagens por ser uma modificação do corpo, o qual é templo do Espírito Santo, que faz parte do corpo de Cristo e que tais adereços agridem a pele e consideram essa agressão uma ofensa a Deus.
Leornard Sweet, professor metodista e um dos mais interessantes pensadores cristãos de nossa época, comenta sobre tatuagens e piercings em seu e-book recente The Dawn Mistaken For Dusk.
Ele diz que a razão pela qual “bod mod” é o assunto no 1 nas listas de discussões e bate-papos de jovens cristãos com menos de 20 anos nos EUA é que isso faz parte da cultura jovem pós-moderna atual (e quase global), uma cultura onde a imagem é altamente valorizada.
A ironia disso tudo é que cirurgias plásticas e implante de silicone são coisas cada vez mais aceitas pelos cristãos modernos.
Tem personalidades famosas do mundo evangélico brasileiro com o corpo siliconado. Todavia, como diz Sweet, “Cirurgia plástica é uma forma severa de alteração do corpo. Isto é aceito, mas brincos e tatuagens, não são?”
Podemos citar textos na bíblia como na história de Eliezer que deu a Rebeca uma argola de seis gramas de ouro para ser colocada no nariz (piercing?) e, após fazer isto, ajoelhou-se para adorar a Deus (Gn.24.22,47).
Os que defendem dizem que se o primeiro ato fosse pecado ou considerado pagão, então Eliezer não teria adorado a Deus em seguida.
E acrescentam que no livro de Êxodo, percebemos que as mulheres dos hebreus usavam brincos e argolas, os quais foram oferecidos como oferta dedicada ao Senhor para a construção do Tabernáculo. Novamente, acham que Deus não aceitaria de seu povo ofertas que representassem costumes pagãos.
E mais o texto mais intrigante se encontra em Ezequiel 16, onde o próprio Deus diz que adornou Jerusalém com jóias, pulseiras, colares, argolas para o nariz e brincos para as orelhas.
Ao que parece, tais adornos não eram uma ofensa ao Senhor.
Uma vez que a Bíblia parece não condenar o uso de piercing e tatuagens, sua condenação pode ser caracterizar um fato social vivido na maioria das congregações cristãs.
Segundo o sociólogo Émile Duskhein (1858-1917) os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social que são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo.
A introjeção é um mecanismo neurótico de defesa, inconsciente, que consiste na incorporação imaginaria de um objeto ou pessoa amada ou odiada, isto é, o indivíduo imita inconscientemente certos comportamentos de outro e os integra na sua própria personalidade.
Podemos dizer ainda que os fatos sociais são caracterizados pela Generalidade (o fato social é comum a todos os membros de um grupo ou a sua grande maioria), Exterioridade o fato social é externo ao indivíduo, existe independente da sua vontade), Coercitividade (os indivíduos se sentem pressionados a seguir o comportamento estabelecido).
Além do fato social vivido nas igrejas, sobre piercing, tatuagens, modos de se vestir, comportamentos, etc, podemos dar um exemplo bastante simples que nos ajuda a entender melhor esse conceito formulado por Durkhein.
Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para casa para por uma roupa adequada.
Existem um modo de se vestir que todos seguem (neste caso, todos os alunos da escola).
Isso não é estabelecido pelo indivíduo.
Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma e, quando ele sair a norma provavelmente permanecerá.
Quer a pessoa goste ou não, ver-se-á obrigada a seguir o costume geral.
Se não o seguir sofrerá uma punição (que pode ir, conforme o caso, da ridicularizarão e do isolamento social até uma sansão penal.
Em virtude dessas características um fato social vai contra os princípios Bíblicos, os ensinos de Jesus e ao livre arbítrio dado por Deus ao homem.
O desafio da igreja, olhando por esta perspectiva, não está em julgar ou condenar, mas orientar as pessoas (principalmente os jovens) para os riscos que existem em fazer estas coisas sem uma orientação profissional e cuidados de higiene e saúde. A pessoa está consciente dos riscos de inflamação, doenças contagiosas e “efeitos colaterais” diante da sociedade? Está consciente de que algumas alterações são irreversíveis e, mesmo diante da possibilidade de reversão, podem deixar marcas para o resto da vida?
Mais ainda, precisamos falar sobre questões de identidade, valor pessoal e auto-imagem.
Pois são estas as questões mais importantes para quem está considerando qualquer forma de alteração do corpo, seja uma plástica no nariz, implantar silicone nos seios, colocar um piercing ou fazer uma tatuagem.
Ao invés de demonstrar esse tipo de preocupação com o próximo, grandes lideres evangélicos que denunciam essas práticas agem com discriminação e inventam explicações mirabolantes para impor suas idéias de maneira a coagir os indivíduos. Alguns explicam inclusive os significados dos Piercings nas partes do corpo mais comumente utilizadas para sua colocação e seu reflexo no mundo espiritual, visto que as partes do corpo citadas abaixo têm uma influência muito grande na vida das pessoas, na área da fala, visão, gestação, sexualidade, sensualidade e outras, além de denotarem os chamados “chacras energéticos”.
segundo estudos feitos por pastores, estes são os significados:

1. O Piercing colocado no NARIZ significa DOMÍNIO e seu sentido no mundo espiritual é uma distorção do caráter e um direcionamento que causam rebeldia e uma autoconfiança muito exacerbada.

2. O Piercing nas SOBRANCELHAS dá vazão para um APRISIONAMENTO DA MENTE, causando um bloqueio na mente de quem os usa. Para essas pessoas nada tem grande importância principalmente na vida espiritual.

3. O Piercing nas ORELHAS, significa APRISIONAMENTOS EM ÁREAS ESPECÍFICAS do corpo.

4. O Piercing no UMBIGO.
Um dos piercings que estão mais na “moda” é colocado no umbigo.
Este está na área destinada a ALIMENTAÇÃO.
Serve como um local de canalização de espíritos satânicos no corpo de quem os usa. Ele representa a exposição do corpo, visto que as pessoas que os usam gostam de deixá-los à mostra.

5. O Piercing nos LÁBIOS, significa um DOMÍNIO NA FALA; assim como o que é colocado na gengiva.
As pessoas que os usam estão propensas a ter insegurança nessa área, dificuldades para uma boa comunicação, etc. Seu significado na vida dessas pessoas é como de um cabresto e pode ser representado na forma de gagueira.
A diferença entre o colocado nos lábios e o que é colocado na gengiva, é que o segundo representa a LUXÚRIA.

6. O Piercing nos órgãos genitais traz como significa principal a PROSTITUIÇÃO.
Ele pode causar um estímulo intra-uterino para atuação de espíritos nessa área causando esterilidade e outros problemas nas mulheres e, também, nos homens.
Ele trás uma atuação na área da prostituição na vida das pessoas que o utilizam.
Os que denunciam, afirmam que nem sempre as pessoas com esses tipos de piercings estarão manifestando esses sintomas que foram ditos.
Não, nem sempre.
Mas no mundo espiritual elas estão aprisionadas de alguma forma por essas marcas que elas carregam no corpo.
Pois está escrito que “Não farão os sacerdotes calva na cabeça, e não raparão os cantos da barba, nem farão lacerações na sua carne”.
(Levíticos 21:5.) E também: “Não fareis lacerações na vossa carne pelos mortos; nem no vosso corpo imprimireis qualquer marca.
Eu sou o Senhor.” (Levíticos 19:28.)
Apesar dessas declarações não terem base bíblica, essa ultima revela uma enorme preocupação pelo grosseiro erro de interpretação do texto de Levíticos ou até mesmo por falta de argumentos.
Apesar da Lei ter seu fim com a morte e ressurreição de cristo declaro em Rm 10.4 “Porque o fim da Lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”, diversos lideres ainda se submetem ao jugo da lei, ignorando a graça oferecida pelo nosso Senhor Jesus Cristo.

Em Gálatas 3.10 diz que os que se apóiam na prática da Lei estão debaixo da maldição, pois está escrito “maldito aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei”.
Se a Lei que proibia fazer marcas no corpo deve ser observada, então ainda devemos guardar o sábado, fazer sacrifícios de animais, etc, e os lideres que se colocam no lugar dos sacerdotes, não podem rapar o cabelo e o canto da barba conforme Levíticos 21.5.
Foi para liberdade que Cristo nos libertou.
Portanto permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente ao jogo da escravidão. Gálatas 5.1
Usar pircing ou fazer tatuagem não é pecado e tão pouco condenado pela bíblia.
Trata-se apenas de aparência pessoal.
Usa quem quer, quem gosta ou acha bonito.

Referencia de Pesquisa:
Site: http://www.conselhosdoceu.com
Site: http://www.espada.eti.br

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