11 de mar. de 2010

Sal da terra e luz do mundo


É necessário que nos, como cristãos e cristãs, continuamente nos perguntemos o que somos?
É necessário que indaguemos a nós mesmos e procuremos, com sinceridade responder a esta pergunta, tanto no individual como no coletivo, tanto na nossa vida particular, como na nossa vida de comunidade de fé; é necessário que constantemente nos perguntemos quem somos e como estamos agindo e reagindo, conforme nossa identidade de cristãos e cristãs, seguidores e testemunhas do Evangelho de Jesus Cristo.
O que nos identifica como cristãos e cristãs não é apenas o fato de nós adorarmos a Jesus Cristo e o termos como nosso Salvador, Ele mesmo disse que isto não era o mais importante, quando cita o profeta Isaias em Mateus 15, 8 e Marcos 7,6. Mas o mais importante é fazer a vontade de Deus, colocando em prática seus ensinamentos: “Porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?
disse Jesus em Lucas 6, 46.
Jesus nos chama de a “luz do mundo” e o “sal da terra” (cf Mt 5, 13-15).
Ora.
A luz não é luz para si mesma, não ilumina a si mesma, nem o sal salga a si mesmo.
Mas a luz é acesa para iluminar a tudo e a todos. Jesus, pelo batismo, nos deu sua luz, em nós há uma luz que deve iluminar “a casa toda”, mas por nossas atitudes, nós colocamos nossa luz embaixo da mesa, nós a abafamos, a escondemos e nós mesmos ficamos nas trevas.
A fé que temos em Deus é o sal que tempera e preserva, mas “se o sal perde o sabor, para nada serve e é jogado fora”, se nossa fé não se manifestar em atitudes de cristãos, é como um sal que não serve para nada e é desprezado.
A palavra shalon é normalmente traduzida por “paz”, mas ela quer dizer mais que isto. Desde o inicio da Bíblia está claro que toda a criação é uma realidade só, proclamada como boa e intimamente relacionada com seu criador.
A intenção de Deus para Sua criação é este shalon, uma palavra que indica integridade, harmonia e paz e que caracteriza o universo e todos os seres que nele há, animados e inanimados; esta paz e harmonia, esta paz com todos e tudo é a idéia original de salvação do Primeiro Testamento, resgatada por Jesus Cristo.
Não é a paz apenas entre as nações ou entre as pessoas ou uma salvação apenas para o devir, para a “outra vida”, mas é paz e harmonia aqui e agora, entre toda a criação e sua finalidade não é o homem sendo o senhor e mestre sobre os outros seres, o “dominai a terra” do Gênesis, mas os homens e as mulheres integrados, harmonizados, com tudo e todos, dando glória a Deus.
Jesus Cristo surge, no Testamento Cristão, como príncipe deste shalon.
Viver a paz com todos os seres visíveis e invisíveis, racionais e irracionais, animados e inanimados, consigo mesmo, com os outros, com o corpo de Cristo, a Igreja, é ser sinal de que a própria criação foi resgatada e que não é mais necessários sacrifícios expiatórios, pois todos e todas somos convidados e convidadas a vivermos como libertos, filhos e filhas de Deus!
E o Reino de Deus vem sobre a terra, se manifestando através de nós quando somos “sal da terra” e “luz do mundo”!!
Ser sal da terra e luz do mundo é a base de todo o testemunho cristão.
O conceito de Igreja é uma realidade transformadora, tanto no individual, como no coletivo, daqueles e daquelas, que mais que adorar, fazem a vontade de Deus, realizando os ensinamentos de Jesus Cristo, é a verdade universal e ecumênica, universal, porque é para todas as pessoas, de todos os tempos e de todos os lugares, e ecumênica porque é para cada individuo e cada cultura de uma maneira, mesmo que seja única: “Jesus Cristo é o Senhor” e “Deus é amor”.
Embora cada pessoa e cada cultura possa ter uma percepção diferente, todas sabem que são chamadas a testemunhar a Verdade do Evangelho que salva, cura, inclui e liberta, mas só serão incluídos nessa transformação espiritual os e as que se abrirem para a graça de Deus, para outros, esta será apenas mais uma oportunidade perdida...
Ser “sal da terra” e “luz do mundo” é algo que deve se manifestar em todas as ações de cada um e de cada uma, no dia a dia das pessoas de fé.
Nenhum momento, onde quer que andemos e o que quer que façamos, pode estar excluído desta realidade de temperar e iluminar.
Como Jesus era e agia, nós devemos ser e agir, se há algo que Jesus, em nosso lugar, não faria, não diria, não pensaria, então o que nós fazemos, dizemos e pensamos, não é algo de um cristão verdadeiro ou de uma cristã verdadeira, é algo pecaminoso, contrário a vontade de Deus, e deve ser evitado com todas as forças, e se nós, fazendo um exame de consciência honesto, encontramos algo em nossa vida, que não corresponde a Jesus Cristo, ao seu agir dizer e pensar, nós devemos dobrar os joelhos em oração e pedir perdão, suplicar a Jesus para que Ele venha com seu Santo Espírito em nossa vida e nos converta, pois é algo em nós que é pecaminoso e deve ser convertido e transformado.
Jesus redefiniu o significado de santidade. Ser santo e santa para Jesus, não é evitar as pessoas, mas encontrá-las e participar da vida delas, mas não necessariamente ser e agir como elas, e sim ser e agir como luz que ilumina a casa inteira, como sal que transforma o sabor das coisas.
È ser e agir com honestidade, nas pequenas e nas grandes coisas, é ser tolerante, é ser e agir com misericórdia, com paciência, com perdão, é ter auto controle, é viver uma sexualidade sadia, respeitadora, percebendo que o outro ou a outra é como cada um de nós: templo do Espírito Santo de Deus.
Jesus foi radical e provocador, andava e comia com os desprezados e excluídos, mas acusava os impuros de coração, os falsos moralistas, os egoístas, os maldosos, os que tinham sempre o olhar concupiscente e os que sempre pensavam o mal dos outros.
Uma comunidade de fé, sobretudo uma comunidade como a Igreja da Comunidade Metropolitana, deve cuidar de si mesma, deve evitar tudo o que a divide e que a ameace, os membros desta igreja, que desejam de fato que esta seja uma igreja saudável, que seja “sal da terra” e “luz do mundo” devem fazer sua conversão diária, para que Jesus Cristo seja a meta e o centro da vida de cada um e de cada uma e da vida desta comunidade como um todo, como uma comunidade de fé, para que a igreja seja um lugar seguro, de adoradores e adoradoras, como uma comunidade dos e das que testemunham o Evangelho de Jesus Cristo; os membros devem ser sinal de santidade no mundo, devem buscar em Jesus Cristo o exemplo de vida e se perguntar, a cada momento, Jesus faria isso? Jesus diria isso? Jesus pensaria isso?...
Se não, estaremos apenas tentando ter uma igreja como um ideal pessoal, um arremedo de igreja, igual àquelas da qual fomos excluídas e excluídos e que aqui, sem perceber, ou pior, percebendo, nós excluímos aqueles e aquelas com os quais não simpatizamos ou não queremos que seja de nossa turminha de amigos, e não estaremos realizando a Obra de Deus, a Obra que Deus nos chama e nos convoca para realizarmos; a Obra, que, para se concretizar, Deus quer usar nossos braços e pernas, nossa voz, nossos olhos e ouvidos, nossa inteligência e capacidades, nossos dons e talentos.
Que Deus, fonte e causa da verdadeira santidade, nos ajude e nos converta para o seu amor que se manifesta para com toda a Sua criação e nos ajude a sermos verdadeiramente o “sal da terra” e a “luz do mundo”, aqui e agora e em todos os lugares onde estivermos.

Amém.

Por Pr Gelson Piber

“Vocês são o sal da terra”.
Mas se o sal perder o gosto, como torna-lo salgado novamente?
Ele não tem mais utilidade, exceto para ser jogado fora e pisado pelas pessoas

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